Semana quente, mas ainda longe da ‘fervura’ que virá

16/03/2016 às 08:18 Ler na área do assinante

Esta terceira semana de um mês com cinco semanas segue quente e com a gangorra em pleno sobe/desce. A esta altura das circunstâncias a saída de Dilma da Presidência parece ser inevitável. A incógnita é quando. Se breve ou só em 2017?

O mercado financeiro oscila em função das perspectivas. Na sexta-feira, diante da perspectiva de um grande público na Avenida Paulista - o que, na realidade, foi superado, abreviando a saída de Dilma, a Bolsa subiu e o dólar caiu. Na segunda o mercado ficou na expectativa, com a perspectiva da ida de Lula ao Ministério, para - na prática - reassumir o comando do Governo. Na terça, com a suposta confirmação da ida de Lula para o Governo o que daria um tempo adicional a Dilma, o mercado se inverteu. O dólar subiu e a bolsa caiu. O que significa que o mercado não aceita a solução Lula-Dilma. Mesmo considerando que essa dupla deu certo nos mandatos de Lula. As circunstâncias são outras.  

Estava certo que Lula iria receber o poder, mas várias bombas explodidas em Brasília mudaram o quadro. Com a homologação da delação premiada de Delcídio Amaral o seu depoimento prévio deixou o sigilo, com os vazamentos seletivos, para emergir com importantes novidades, dentro do jogo político. 

Uma bomba menor, mas de maior efeito destrutivo imediato foi a divulgação de áudios de conversas de Aloizio Mercadante tentando evitar a delação premiada de Delcídio do Amaral. 

Manter Mercadante no Governo é um anteparo para que os incêndios causados pela bomba Delcídio não alcancem a Presidente Dilma. Irão, inevitavelmente, alcançar, mas ela procura ganhar tempo de permanência.

Paralelamente o Ministro Teori Zavascki tomou outra medida bombástica. Concordou com o desmembramento das investigações sobre Eduardo Cunha, o que expõe a sua esposa e filha a Sérgio Moro. Esse era o maior receio de Cunha e também de Lula. Irá influir na decisão de Lula sobre assumir um Ministério e, na prática, o Governo ou não. 

E mais bombas são esperadas ao longo da semana, com a decisão final do Supremo sobre o rito do impeachment.

Uma questão relevante ainda está sendo pouco considerada. O amplo depoimento do Senador Delcídio do Amaral é apenas um trailer do que ele ainda vai contar. Ainda não é a delação. É a indicação de que ele tem o que delatar e comprovar. A delação mesma dependia da homologação pelo Ministro Teori Zavascki o que ocorreu. 

A partir daí ele vai ter que entrar em detalhes sobre o que sabe. E a Polícia Federal terá que investigar. 

Dois temas soterrados voltaram à tona com o tsunami Delcídio, revolvendo o cemitério dos "malfeitos" do período FHC na Petrobras, para gáudio do PT e dos seus adeptos que sempre buscam incriminar também os adversários.

O "petrolinho do FHC" foi afundado com a P36, exatamente à 15 anos, mas está reemergindo com o tsunami. Estão nos anexos 11 e 19. 

Jorge Hori

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