Não basta ter voz, boa dicção, fotografar bem ou ter bom preparo intelectual - a primeira condição para ser um bom apresentador ou âncora de um noticiário de TV é dignidade, uma qualidade escassa na TV brasileira !
O caso da Maria Júlia Coutinho, a Maju, apresentadora do jornal Hoje, da TV Globo, ocorrido nesta terça-feira, 25-08, é exemplar: devem ter colocado no roteiro do noticioso um fragmento do discurso pronunciado pela Médica Raissa Soares pela manhã em solenidade no Palácio do Planalto e ela explicou a cena como se fosse a solidariedade da oradora com os 115 mil mortos pelo Vírus no Brasil.
E não era nada disso: a médica fazia um desagravo (reparação de uma injustiça) aos mortos por terem pagado com a vida a atitude genocida de governadores e prefeitos que lhes negaram o tratamento precoce.
BOLSONARO REAGE
Logo depois do jornal, o presidente Jair Bolsonaro foi para o twitter e escreveu: “A Globo, como sempre, mentindo a meu respeito: nem Bolsonaro, nem as autoridades do Governo presentes prestaram solidariedade às vítimas e seus familiares”.
Quase que instantaneamente foi erguida a hashtag Maju Mentirosa que, sem demora, transformou-se na publicação mais visualizada do Twitter naquele dia. Só gente miúda e desinformada a defendeu...
Na verdade, Majú foi vítima da própria indignidade. Deve ter mais de 30 anos de idade, mas ainda não aprendeu que ordem desonesta não se cumpre !
Com certeza, ela não conhece - e se conhece, deve ter vendido a alma ao demônio - o Caso Para-Sar.
HOMEM DÍGNO EVITOU TRAGÉDIA
Ocorreu em 1968 no Rio de Janeiro: o brigadeiro João Paulo Burnier concebeu um plano diabólico (explodir o gasômetro, explodir ruas e avenidas e matar 40 figurões da política, entre os quais estavam Carlos Lacerda, Jânio Quadros e Juscelino Kubtschek) e determinou que a execução caberia ao esquadrão de resgate Para-Sar.
A ideia era produzir pânico, levar à morte milhares de pessoas e atribuir tudo às organizações de esquerda que começavam a incomodar o regime militar.
O plano não foi executado porque no comando do Para-Sar estava um homem digno, o já falecido capitão Sergio Ribeiro Miranda que se recusou a obedecer o tipo de ordem, mesmo sabendo que começaria a viver a contar de então uma das maiores represálias de que se tem notícia na história do militarismo brasileiro.
Mirem-se no exemplo deste militar, senhores e senhoras “jornalistas” em tempos de Pandemia !
Dirceu Pio