O regresso...

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Diante de tantos escândalos, impressiona ver os que aplaudem tais fatos se autoelogiarem como progressistas, gente evoluída que busca o bem-estar, o que é um disparate.

A cada dia que passa a esquerda nos escandaliza mais: dizem cuidar dos pobres, mas forçaram caducar a MP do 13º do Bolsa Família (de Bolsonaro); dizem que olham os necessitados, mas votaram contra o Marco do Saneamento Básico (outra de JB); vibram por comercial de perfumaria que apresenta uma mulher que mudou de sexo como se fosse pai e, valha-nos Deus, vibram com o aborto da menina K - e pelos franceses aprovarem o aborto até o NONO mês, “por sofrimento psicológico da grávida” - motivo subjetivo.

Sem falar nos casos de pedofilia, tratados como doença, em alguns casos envolvendo figuras públicas mundiais, que têm pipocado nas redes sociais.

De onde veio isto?

Calcados na ideia de esperança que a palavra “progresso” traz ao imaginário, o progressismo é apresentado como científico (razão) em contraposição à fé que, segundo eles, é puramente emocional.

Usando um truque retórico de que as decisões devem ser racionais, parecem estar certos. Mas Deus destinou o homem para cooperar na criação com sua inteligência, jamais com sua emoção. Cristo recomendou o discernimento, usando como exemplo o rei que analisa a chance de vencer outro com exército maior (cf. Lc 14,31). Esses casos demonstram o uso da razão, mas os progressistas insistem em tratar a fé como totalmente emocional.

Balela! A Igreja nunca foi contra a razão nem a ciência. Tanto que os primeiros cientistas e inventores eram religiosos.

Tudo começou com Pedro Valdo (1170) que se converteu e, literalmente, doou todos os seus bens, ficando com apenas o necessário. Sentindo-se superior por este ato, começou a pregar distorcendo as palavras de Cristo.

Jesus, que era amigo de pessoas ricas como os irmãos da cidade de Betânia (Marta, Maria e Lázaro), Nicodemos e José de Arimatéia, jamais lhes pediu, ou os obrigou, a doar todos os seus bens. A ideia de doação total é de desapegar dos bens materiais e ter um olhar espiritual para a meta do paraíso celeste. Pedro Valdo confrontou a Igreja e foi excomungado.

Todavia, a ideia de misturar religião e política permaneceu e ganhou força com o padre francês Robert de Lamennais (1838), ignorando a ordem de Cristo: “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (cf. Mt 22,21). Isto não significa que o líder político deva ignorar a Deus, já que temos o exemplo de Pedro e os apóstolos que perguntaram a Jesus o que fazer diante da multidão: Cristo os orientou e realizou o milagre da multiplicação dos pães - ou seja, a ação humana pode receber o auxílio divino quando buscado (cf. Mc 6,35-42).

Foi assim que socialistas se apropriaram da aura de justos que o testemunho da caridade cristã oferece - baseada na verdadeira misericórdia, solidariedade e caridade. Mesmo detestando a Cristo e sua Igreja, semearam a heresia do socialismo cristão para continuar desfrutando desta aparência e, graças a ela, espalhar seus erros.

Alertado por Engels, Marx aproveitou a obra de Darwin para atacar a fé e a Igreja de modo mais impiedoso. Para ele, o cristianismo é uma forma de doença e Deus seria uma invenção da cabeça do ser humano. Então, propôs o socialismo “científico” de modo a destronar o socialismo cristão definitivamente, este seria o verdadeiro progresso, um paralelo à teoria da evolução darwiniana.

Mas, eis que os marxistas perceberam o quanto lhes era útil manter a aparência roubada dos cristãos: pessoas preocupadas com os pobres e com as vidas humanas. Em público chegam a falar com as lideranças cristãs e citam o evangelho. Quando no núcleo da militância, negam e odeiam a fé. Resumidamente, suas atitudes são fraudulentas, falsas e mentirosas.

De onde tiraram estas ideias? Por que se comportam assim?

O historiador marxista, David Riazanov (Marx & Engels, pp. 104-106), foi honesto ao explicar que Marx e Engels criaram a “Nova Gazeta Renana” onde o subtítulo “Órgão da democracia” era uma estratégia, já que lançaram vários artigos CONTRA a democracia:

“Seria errôneo acreditar que Marx e Engels entraram no “órgão da democracia” na qualidade de democratas. Ingressaram ali como comunistas, considerando-se a extrema-esquerda da democracia.
Nunca deixaram de criticar do modo mais violento, não apenas os erros do partido liberal alemão, mas também os da democracia, tanto que nos primeiros meses perderam todos os acionistas. (...) Este artigo foi escrito em 28 de junho de 1848. Não pode pertencer a pluma de um democrata: somente um comunista poderia ser seu autor e, por sua tática, Marx e Engels não enganavam ninguém.” (grifei)

O historiador deixa claro que usar o termo democracia foi apenas uma tática para enganar, criada pelos ideólogos da ditadura do proletariado. A ideia é empregada ainda hoje, por exemplo, com a campanha do “amarelo” feita por um jornal. Eis a prática inspiradora de usar a mentira como arma. Há uma frase atribuída a Bertholt Brecht que resume as atitudes dos pais do socialismo:

“Para um comunista, a verdade ou a mentira são igualmente boas quando servem ao comunismo”.

Mas hoje não aceitamos mais isto: se Marx rechaçou o cristianismo e, condenou o socialismo cristão - coisa que até Pio XI já havia demonstrado serem inconciliáveis (Quadragesimo Anno, 1931), então, que parem de posar de valorosos e de viver à sombra dos cristãos.

Choca ver um grupo evangélico, impregnado da Teologia da Missão integral (paralelo evangélico da Teologia da Libertação), “Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito”, apoiar o aborto da menina K e distorcer a reação de religiosos cristãos, que JAMAIS condenaram a vítima. Mentir e distorcer, é o que sabem fazer.

E qual é o objetivo do marxismo que desqualificou todos os valores cristãos e todas as demais linhas do socialismo? Levar ao progresso? Creio que não.

Ao desejar destruir tudo para “reiniciar” do zero, base da re-evolução, Marx propôs levar a humanidade à era da pré-civilização judaico-cristã, época em que a barbárie imperava, onde o mais forte escravizava o mais fraco - sonho de poder do Estado sobre as pessoas, como se vê nas ditaduras socialistas. Qualificar esta ideia como progresso me parece um absurdo completo. Penso que o certo seria: regresso.

No Séc. IV, muito antes de Marx, portanto, São João Crisóstomo falou, quase que prevendo as futuras ideias marxistas, sobre questões que já se formulavam à época (Daniel Torres, A Cristofobia no século XXI, p. 136):

“Deveríamos buscar os reis e príncipes para consertar as desigualdades entre os ricos e pobres?
Deveríamos exigir que soldados viessem e tomassem o ouro dos ricos para distribuir entre o seu próximo destituído?
Deveríamos implorar ao imperador para que criasse um imposto para os ricos tão grande que os reduzissem ao nível dos pobres e então compartilhasse o que foi coletado por esse imposto entre todos?
A igualdade imposta pela força não produziria nada e faria muito mal. Pior ainda: o rico sentir-se-ia amargurado e ressentido, enquanto o pobre não sentiria gratidão, porque não seria a generosidade que originou o presente. Longe de trazer qualquer benefício moral para a sociedade, iria isso trazer um grande mal moral.
A justiça material não pode ser obtida à base de força. Não haveria mudança de coração: o único modo de alcançar a justiça é mudar o coração das pessoas primeiro, e então elas irão alegremente compartilhar a sua riqueza.”

Resposta dada há mais de mil anos, mas que os progressistas insistem em ignorar.

Se o progresso for isto, deixar os pobres morrerem de fome para lhes suscitar revolta e ódio; expor as pessoas à riscos de saúde para falsamente acusar seus opositores de negligência; fomentar a confusão mental do indivíduo para manipular minorias; matar quem não lhes interessa (gravidez indesejada e inimigos ideológicos); proteger bandidos, pedófilos, estupradores, corruptos - tudo isto - como se fosse a coisa mais natural e maravilhosa...

Então, prefiro ser chamado de retrógrado, de ultrapassado, de antiquado ou qualquer outra palavra dita pela boca dos tais progressistas.

Não pertenço a esta turma. Graças a Deus!

Angelo Lorenzo. Engenheiro Civil.

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