É comum atribuirmos maior importância à relação mãe e filho, deixando o pai em segundo plano, ou até mesmo ignorar o seu papel crucial para o futuro de uma criança.
A psicologia contemporânea contribuiu para essa visão, através de Freud e Jung.
Entretanto, um novo estudo (2014), aponta que o amor paterno é fundamental para o bom desenvolvimento da personalidade infantil.
Segundo 36 estudos revisados por Ronald Rohner, da Universidade de Connecticut (EUA), feitos com mais de 10 mil crianças, revelou como um pai frio ou distante pode prejudicar a vida de uma criança até por décadas.
O estudo alerta para o fato de que, nos últimos 300 anos enfatizou-se que as crianças necessitam de um relacionamento amoroso com a mãe para seu desenvolvimento saudável, deixando ao pai o papel de apoio financeiro, isentando-o da parte amorosa. Mas, essa crença mostrou-se errada.
Fundamentalmente, o amor de um pai era muitas vezes tão importante como o de uma mãe, em alguns casos, ainda mais. A razão para isso, é que a rejeição na criança é mais dolorosa quando ela é rejeitada pelo próprio pai.
Professor Rohner acrescentou que a pesquisa mostra que as partes do cérebro que são ativadas quando as pessoas se sentem rejeitadas, são as mesmas de quando elas sofrem dor física. E acrescenta:
“Ao contrário da dor física, no entanto, as pessoas podem psicologicamente reviver a dor emocional de rejeição por anos. As crianças de todos os lugares – independentemente de raça, cultura e gênero – tendem a responder exatamente da mesma forma, quando elas se perceberam rejeitadas”, apontou Rohner.
A conclusão é que, crianças que não se sentem amadas tendem a tornar-se ansiosas e inseguras, e isso pode torná-las mais carentes, com baixa autoestima. Raiva e ressentimento levam-na a fechar-se emocionalmente em uma tentativa de proteger-se das cicatrizes de rejeição.
A ausência de relação com o pai pode afetar a saúde mental e influenciar o comportamento, dificultando os relacionamentos na vida adulta.
Os adolescentes ficam mais propensos a se envolverem em encrencas e a serem presos; propensos à iniciação sexual precoce, à obesidade, e, predisposição aos vícios, tais como uso de bebidas e drogas.
A mulher, por mais bem intencionada que seja, não pode substituir o papel do pai. Assim como o homem não pode substituir o papel da mãe.
Está cientificamente comprovado que o pai tem importância vital para o desenvolvimento saudável dos filhos.
O amor do pai é decisivo para o desenvolvimento e a formação do caráter dos filhos. Entretanto, as estatísticas dão conta que hoje em dia, mais de 40% das crianças são criadas sem o pai em casa.
A família enfrenta mudanças e crises de toda ordem. O aumento da violência doméstica. Divórcios aumentaram e casamentos estão durando menos. O surgimento de diferentes configurações familiares. O aumento dos processos na justiça requerendo a guarda das crianças, e a constatação estatística de que os tribunais de família cedem para mulher em 80% das vezes. A maioria abre mão facilmente de seus direitos sobre os filhos.
E cada vez mais as mulheres se realizam em suas carreiras, deixando para mais tarde a maternidade. Com o seu sustento garantido, optam por se tornarem mães solteiras, ou por uma consciente produção independente, e mais uma vez o pai aceita.
A primeira morada do homem e da mulher é no ventre da sua mãe. O filho(a) tem 09 meses de pura sintonia com a sua mãe. Viemos ao mundo expulsos do útero materno, levamos um tapa para respirar, sentimos frio, fome. A nossa primeira e traumática separação.
Cabe à mãe, por razões obvias, os cuidados nos primeiros anos. Aos poucos, o filho vai sendo apresentado ao pai. O amor dele é construído de uma forma mais prática.
Segundo Bert Hellinger, o pai representa o espírito:
“Somente na mão do pai a criança ganha um caminho para o mundo. As mães não podem fazê-lo. O amor dele não é cuidadoso nesta forma como é o amor da mãe. O Pai representa o espírito. Por isso o olhar do pai vai para a amplitude. Enquanto a mãe se move dentro de uma área limitada, o pai nos leva para além desses limites para uma amplitude diferente.”
Traduzindo, é próprio do feminino, da mãe, as características de super protetora, possessiva, limitadora. Já o amor do pai liberta, mostra o caminho para a vida, para explorar outros horizontes. Representa os limites, a autoridade, as regras, a disciplina. É o pai que tira o filho da mãe, e se não o fizer, ele será eternamente o filho da mãe. Portanto, ambos, pai e mãe ou quem faz o papel de pai e mãe, são complementares na educação de uma criança.
Os pais são, portanto, as primeiras referências de amor e ou de desamor que conhecemos.
O pai é o primeiro amor, (desamor) da vida de uma mulher.
Um homem aprende a ser homem com seu pai.
Homens e mulheres usarão as referências paternas para medir seus relacionamentos pela vida a fora.
Se a referência for amorosa, tenderá a atrair e a considerar os outros homens com respeito. Se a referência for negativa, tenderá a agir com desconfiança e suspeição.
Conforme a gravidade do impacto da falta de pai, ou de uma presença, seja: de pai um abusivo, autoritário, maior a rejeição pelos outros homens, em especial os que ocupam cargos de autoridade.
Os pais não são culpados sozinhos pelos desacertos na educação dos filhos. Pais também são gente. E estão submetidos a um contexto muito maior, como bem diz o texto constitucional: É dever do Estado à proteção da família, descrita como “a base da sociedade.” O Estado tem a função muito semelhante a de um "pai," que deve garantir a segurança, os direitos do cidadão.
Nunca como agora, com a crise sanitária, política e econômica, a família brasileira esteve tão vulnerável e necessitada de proteção e segurança.
A constituição está sendo posta à prova todos os dias. Não há como negar o fracasso retumbante da maioria dos líderes políticos da atualidade. Crise ética. Falta de harmonia entre os poderes. O poder legislativo e o poder judiciário estão em litígio com o poder executivo, que por sua vez, tenta o equilíbrio sob uma perna só. Os outros representantes gastam energia para se defender uns dos outros. Um show de incompetência e desrespeito para com o povo. Ué, mas, todo poder emana do povo?
Estamos presenciando uma aguda crise de autoridade. Uma crise de autoridade que começa na família e se estende para toda a sociedade. Ou será o inverso? Ou vice-versa?
Este é o primeiro dia dos pais dentro de um protocolo de pandemia. Dia ideal para que cada um de vós, pais políticos e os pais de família, reflitam sobre a importância de ser um pai bom o bastante. Como responsáveis por um lar ou por uma nação.
Tenham consciência de que não se trata de ter razão. Não serão avaliados por quantas vezes venceu uma discussão, mas, pelo quanto foi capaz de ouvir.
Não pelo patrimônio que vai deixar, mas, pelo legado de bons exemplos.
Não pelo quanto é capaz de argumentar, mas, pelo quanto é capaz de amar.
Há uma escassez de pai no mundo atual. Ainda dá tempo de tomar para si o dom de ser pai.
Entendam de vez por todas, que as crianças precisam da sua mão para caminhar para além do quintal.
Os adolescentes precisam do seu exemplo para aprenderem a ser homens.
Os homens adultos precisam de amigos para fazer dividir as dores e as delícias da vida.
Os velhos precisam da sua mão para voltar para casa.
As mulheres precisam do seu coração para amar.
Já pensaram o quanto poder têm de fato e de direito?
Nada agrada mais um filho do que ser visível aos olhos do pai.
Chegou o tempo em que só o coração de um pai justo e amoroso pode salvar o mundo das dores da ausência.
E nem precisa ser um Deus, basta ser humano.
Bernadete Freire Campos
Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.