A tentativa de Lula: Virar a seu favor

05/03/2016 às 20:25 Ler na área do assinante

É inegável a competência do ex-Presidente Lula em fazer virar as circunstâncias a seu favor e pautar a mídia. Armou uma armadilha para sair dela como uma grande vítima. Se saisse como um mártir, melhor ainda.

E o competente, mas excessivamente ousado, Juiz Sérgio Moro, caiu na armadilha, juntamente com a Polícia Federal e os membros do Ministério Público Federal.

O Juiz Sérgio Moro tem usado e abusado da condução coercitiva, sem que tenha havido falta ou resistência do suspeito em comparecer previamente a depoimentos. Mesmo sem o antecedente da recusa, o Juiz tem mandado buscar "sob  vara" suspeitos, "vendendo" a idéia de que é uma pena mais suave do que a prisão temporária ou a provisória. Tem base legal em decisões do STF e nas 23 fases anteriores da Operação Lava Jato, em que a utilização da condução coercetiva não foi contestada. Ou se foi, ocorreu em pequenas manifestações e sem a vêemencia da atual. O Ministro Marco Aurélio que a contestou no caso de Lula, não se manifestou contra anteriormente. Falou com "desconhecimento de causa".

Amigos favoráveis a Lula argumentaram que não prestaram atenção aos supostos excessos da Operação Lava-Jato, mas que com Lula, não deixaria de ser percebido. 

Lula queria um espetáculo pirotécnico e conseguiu. Forçou a ocorrência e passou a responsabilidade da pirotecnia aos outros. Como sempre e com grande competência. Era o que ele queria. 

Anteriormete havia comparecido a alguns depoimentos, sobre questões amplas, mas quando a coisa desceu a questões menores e objetivas começou a recusar. Criou embaraços, ingressou na justiça com liminares e deu declarações públicas de que não compareceria a convocações do Ministério Público Estadual, por não reconhecer a competência. 

Não queria explicar porque comprou míseros pedalinhos para os netos andarem no lago de um sítio que não é seu. Embora tenha todas as explicações plausíveis.  

Desafiou o Judiciário e o Ministério Público, para ter a esperada reação e transformar a sua arrogância em vítima. 

De hà muito a Polícia Federal e o Ministério Público Federal pediram o depoimento de Lula, no caso Bumlai. O Juiz Sérgio Moro concordou, mas não efetivou. Ficou aguardando um momento oportuno.

Lula já sabia, porque em relação a ele o sigilo de uma operação da PF é inviável. Há sempre lulistas infiltrados.

Com a ação impetrada por Lula, junto ao STF para dirimir o suposto conflito de competência, suspendendo todas as ações, o Juiz Moro ficou diante  de um impasse. Deflagrava a operação de surpresa, antes da decisão do STF ou aguardava essa decisão. Se lhe fosse favorável, sabia que Lula e o PT fariam uma mobilização preventiva e cuidariam da supressão de provas. 

A operação vazou e indícios de provas levantadas pelo Ministério Público a partir de outros depoimentos, com delação ou não, começaram a ser suprimidas.

Diante do vazamento, o Juiz Moro acelerou a decisão. E mandou cumprir, cercado de cuidados. 

Lula fez o depoimento, cujo teor só vai ser conhecido posteriormente, mas já há indícios de que não contem nada relevante. Não acresce ao que já se sabe.

Mas Lula não perdeu a oportunidade para renascer como líder popular. Para reassumir o comando do seu exército. 

Apresentou-se para uma entrevista coletiva que não houve. Foi para um monólogo voltado para a militância. Para enfatizar a sua condição de vítima. 

Mais tarde, mobilizou a militância, que lotou a quadra do sindicato dos bancários, para assumir o comando das batalhas de uma guerra imaginária. Que não corresponde à guerra real.

Doravante, para ele não ser preso não poderá desfrutar do descanso no sítio dos Bittar, em Atibaia. Terá que sair em nova caravana da cidadania por todo o Brasil, 21 anos depois. 

Sem poder usar os jatinhos e as comodidades com o qual se acostumou. A que inimigo ele vai pedir para ceder o avião. Porque o que emprestar, na semana seguinte terá que fazer uma visita a Curitiba. Se for usar vôo comercial será hostilizado. 

Ele tem que manter o seu exército vivo, enfrentar embates de rua, com a sua presença pessoal. Fora disso só conta com parte da rede social. A mídia perdeu o encanto por ele. Agora só vai estar na pauta dos temas policiais.  

Jorge Hori

                                https://www.facebook.com/jornaldacidadeonline

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