Richard Wurmbrand - O homem que desafiou o comunismo

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Richard Wurmbrand foi um pastor protestante romeno, que em 1948 desafiou o regime totalitário comunista do seu país — a Romênia foi uma ditadura comunista de 1947 a 1989 — ao declarar, com coragem, convicção e veemência, que o cristianismo e o comunismo eram incompatíveis. Por essa razão, ele foi aprisionado, e passou a ser torturado de maneira recorrente, de forma excruciante, pelos carrascos comunistas, sendo forçado a sujeitar-se aos mais degradantes e sádicos atos de brutalidade.

Durante o período em que permaneceu prisioneiro dos comunistas, Wurmbrand foi transferido diversas vezes para inúmeras colônias penais e diferentes penitenciárias, chegando mesmo a passar vários anos confinado a uma prisão solitária, em uma minúscula cela escura, sem luz, sem poder ler, fazer atividades ou interagir com outras pessoas, sendo alimentado apenas com o necessário para sobreviver.

Wurmbrand posteriormente escreveu um livro — intitulado Com Deus no Confinamento Solitário —, onde relatou que, para manter a sanidade, compunha mentalmente enormes sermões religiosos, e os recitava para si mesmo. Em virtude de sua extraordinária memória, depois que saiu da prisão, Wurmbrand era capaz de se lembrar de mais de três centenas destes sermões cristãos, criados mentalmente por ele no cárcere.

Para se comunicar com outros prisioneiros, ele usava código morse, batendo nas paredes da cela. Esta foi uma maneira que o pastor encontrou para continuar transmitindo a fé cristã aos seus colegas de cárcere, apesar das desumanas restrições a que fora submetido. Ao sair da prisão, em 1956 ele retomou suas atividades religiosas, apesar de ser admoestado para não pregar a Palavra de Deus. Como todo cristão leal, no entanto, Wurmbrand não estava preocupado em agradar a homens e suas instituições seculares.

Ele não deu a menor atenção às exigências do governo comunista, e continuou sendo leal a Deus. O pastor rapidamente voltou a evangelizar, mas foi novamente encarcerado, em 1959.

Novamente capturado pelo estado totalitário, desta vez Wurmbrand foi sentenciado a uma longa pena de reclusão, de vinte e cinco anos de prisão. Novamente, ele foi submetido a todo o tipo de torturas excruciantes, que envolviam incineração da pele, ser trancado em uma câmara de gelo e ser espancado na sola dos pés, até a carne e os ossos caírem. Não obstante, apesar da dor inimaginável e das excruciantes sessões de tortura, Wurmbrand não renunciou a fé cristã, nem cedeu um milímetro sequer em suas convicções espirituais.

Durante todas as vezes em que foi encarcerado pelo governo socialista totalitário, as autoridades registraram Wurmbrand com um nome falso, para que seus amigos e familiares não pudessem rastrear seu paradeiro. As autoridades governamentais chegaram a emitir falsos documentos e certificados de óbito no nome de Richard Wurmbrand, para que sua família pensasse que ele havia morrido.

Para a sorte do corajoso pastor cristão, no entanto, sua esposa não acreditou nas mentiras veiculadas pelas autoridades comunistas; sabendo que seu marido estava vivo, ela continuou a procurá-lo. Ela própria chegou a ser presa e passou um tempo em campos de trabalho forçado no princípio da década de 1950, e conhecia o modus operandi do governo comunista.

Em 1964, Wurmbrand foi solto, mediante a solicitação de diversas organizações cristãs, que pagaram uma fiança considerável pela soltura do pastor, mediante arriscada negociação com as autoridades governamentais. Quando finalmente conseguiu a liberdade, representantes destas entidades cristãs beneficentes suplicaram a Wurmbrand qur fugisse, e divulgasse nos países livres a perseguição contra cristãos em regimes comunistas. Wurmbrand então se mudou com a sua família para os Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, Richard Wurmbrand passou a ser um vigoroso porta-voz dos cristãos perseguidos e oprimidos no mundo inteiro por regimes totalitários. Ele chegou a dar um pungente depoimento no senado americano, onde tirou a camiseta, para mostrar as horrendas cicatrizes que carregava consigo, que foram resultado das excruciantes e nefastas sessões de tortura que sofreu. Wurmbrand também se dedicou a escrever inúmeros livros, e abraçou com ainda mais fé, diligência e veemência a evangelização cristã. Wurmbrand também escreveu um livro intitulado Marx & Satan — Marx e Satanás, em tradução literal — onde ele demonstrava claramente as inúmeras e incontestáveis conexões que existem entre marxismo e satanismo.

Provavelmente o seu livro de maior repercussão, nesta obra, Wurmbrand mostra que Marx flertava com o satanismo desde a juventude, e — conforme ficou mais velho —, sua obsessão em destituir o cristianismo de sua posição de baluarte da civilização ocidental, para substituí-lo por uma nova ordem de matriz secular com caráter despótico, tornou-se cada vez mais pronunciada e doentia. Marx pretendia subjugar Deus, e substituí-lo pelo estado, da mesma forma que pretendia substituir Cristo por sua totalitária teoria política.

Wurmbrand foi e continua sendo um dos baluartes da resistência cristã contra o socialismo, o comunismo e o totalitarismo de estado. Símbolo de corajosa resistência, com inabalável fé em Cristo, Wurmbrand enfrentou inimigos colossais, violentos e temerários, que fariam homens ordinários sucumbir rapidamente em face do medo. Ele no entanto, enfrentou o pior e possivelmente o mais execrável de todos os inimigos que já existiram na história da humanidade — uma ditadura totalitária marxista-leninista —, e não se entregou, não se rendeu, nem renunciou à sua fé em Cristo.

Nascido em Bucareste, na Romênia, em março de 1909, Wurmbrand morreu em fevereiro de 2001, nos Estados Unidos, aos 91 anos de idade. Apesar de ter deixado este mundo há quase vinte anos, seus livros, seus sermões, sua conduta inabalável, sua bravura, coragem e determinação resoluta diante do perigo do comunismo — além de inspirar admiração — permanece sendo um fantástico exemplo de resistência cristã a ser imitado e seguido.

Wagner Hertzog

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