A bula do prefeito Kalil não tem prescrições, apenas contra-indicações
24/07/2020 às 14:22 Ler na área do assinanteCom os dados coletados até o dia 21 de julho, Belo Horizonte apresenta, num universo de 71 cidades com mais de 50 mil habitantes do estado (que tem 853 municípios), índices lamentáveis. O prefeito Alexandre Kalil rosna aos quatro ventos que a metodologia aplicada por ele e sua equipe de "ciência" está dando resultados. MENTIRA!!!
Desgraçadamente, a cidade se coloca entre os 20 piores índices de letalidade (mortes/casos), e o 18º lugar entre a incidência (casos/população). Nessa relação, apenas 4 cidades (em cinza) fazem parte da região metropolitana de BH, formadas por 34 municípios. Apenas 3 cidades no estado, Belo Horizonte, Leopoldina e Teófilo Otoni, figuram nos dois quadros (letalidade e incidência).
A regra da proporção do custo/benefício das ações aplicadas em Belo Horizonte é terrível. O sofrimento econômico da população é desproporcional frente ao número de vidas perdidas. E não estou me referindo apenas às perdas de empregos ou fechamento de empresas. Os recursos públicos que a prefeitura vem utilizando também são pessimamente geridos.
Não podemos deixar de dizer que por questões políticas, a prefeitura anunciou recentemente que vai contratar leitos particulares, em valores altíssimos, em detrimento de usar as dependências do Hospital de campanha montado pelo estado. Isso sem falar que a prefeitura não utilizou recursos federais recebidos para montar seu próprio hospital de campanha. Prometido e não cumprido. Covas ele abriu 1.700 unidades.
Como são 3 em cada abertura, esperou, em sua ensandecida fuga do otimismo, 5.700 mortes, quando à época, Belo Horizonte contava com menos de 20 perdas humanas. Veio a público pedir desculpas por isso mais de 3 meses depois. Era tarde!
Ainda relincha o prefeito, que foi eleito para cuidar e proteger a população. Primeiro, ele se confunde. Cuidar é uma coisa, impor ao povo as suas vontades é outra. Ele está matando a cidade e as pessoas, que ao longo do tempo, mesmo após a crise pandêmica, vai continuar a ver reflexos na vida das pessoas com suas atitudes.
Segundo, é que ele foi eleito para administrar a cidade. Quem ele pensa que é para conduzir a vida de cada cidadão? Nesta pandemia, o que ele faz é muito diferente.
Fala em respeitar a ciência, mas é o primeiro a desrespeitá-la. Fala em beneficiar a população mais carente com milhões disso e daquilo, mas não sustenta uma família no prazo de um mês. Ignora os ganhos dos assalariados e pequenos comerciantes, mas é o primeiro a "proteger" os altos ganhos de empresários como, por exemplo, o de donos de linhas de ônibus e de proprietários de shoppings populares.
Nesta semana mesmo, por conta dessa proteção, incorre em dois erros simultâneos. No caso dos coletivos, ele implantou a redução de horários na circulação de ônibus, alegando alto custo que os empresários “bancam”. Aos outros empresários, ele impõe sacrifício...
Com isso, cria aglomeração de mais gente, tanto na espera em pontos de ônibus, quanto dentro dos coletivos. Preocupação com a contaminação foi para o saco!
Kalil saca seu capuz para submeter o povo à humilhação!
Alexandre Siqueira
Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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