A quem interessa desarmar a população brasileira? (Veja o vídeo)

Ler na área do assinante

Em entrevista à TV Jornal da Cidade Online, o analista de segurança Bene Barbosa, co-autor do livro 'Mentiram para mim sobre o desarmamento', escrito em parceria com Flavio Quintela, traz muitos esclarecimentos sobre a posse e o porte de armas no Brasil. Inclusive, para quem quer saber o que deve fazer para adquirir uma arma. É uma entrevista imperdível.

Em 2005, os brasileiros foram ouvidos em um referendo, e disseram ‘não’ ao desarmamento, mas a voz do povo foi ignorada pelo então presidente Lula. Para Bene Barbosa, quem está interessado em desarmar a população são aqueles que acreditam que o estado precisa ter ou deve ter o monopólio da força.

“Infelizmente, ficou muito claro que, para um grande grupo de políticos e governantes, o voto só vale quando lhe favorece, ou favorece sua visão de mundo. Como eles perderam [o referendo], não esperavam perder, eles simplesmente ignoraram esse referendo como se ele nunca tivesse ocorrido. Isso aconteceu durante a presidência do Lula, na gestão da Dilma, do Temer, e ainda, infelizmente, parece que isso não foi aceito por grande parte do nosso Congresso. Mesmo muitos senadores e deputados sendo eleitos com a bandeira conservadora, tentam de qualquer forma manter o estatuto do desarmamento como ele está hoje”, explicou o analista.

O bandido sempre dá um jeito de se armar

De acordo com Barbosa, após o estatuto do desarmamento, 90% das lojas de armas fecharam no país - havia mais de 2000, e hoje existem cerca de 200 lojas.

“O comércio legal foi fortemente impactado pelo estatuto do desarmamento, como eles previam que aconteceria. Isso de forma nenhuma impactou no arsenal ilegal na mão dos criminosos, eles continuam se abastecendo, obviamente, por meios ilegais, contrabando, fabricação clandestina, desvio... Ou seja, o bandido sempre vai dar um jeito de se armar. E não depende de ‘essa arma pode, essa arma não pode’. Ele compra tudo que tiver dinheiro para comprar, sem restrição”, ressaltou o analista.

O estado não pode coibir o cidadão de defender o que é seu

Recentemente, nos Estados Unidos, cidadãos e famílias inteiras tiveram a chance de se proteger e proteger suas propriedades da fúria de alguns manifestantes violentos do Black Lives Matter e Antifas. Para Barbosa, essa é a demonstração máxima de democracia:

“Tem que ficar muito claro que o estado, por mais boa intenção que ele tenha, por mais equipamento, por mais preparo, ele não é onipresente, não é onipotente, tem suas limitações. E no Brasil, essas limitações, quando se entra na questão da segurança pública e segurança individual, elas são gritantes”, apontou o analista.

A mentalidade desarmamentista de Getúlio Vargas

Em 2019, o General Mourão, vice-presidente da República, disse, em entrevista, que caso o povo da Venezuela estivesse armado e pudesse se defender do massacre do ditador Maduro, seria pior, pois haveria uma guerra civil. Para Barbosa, a frase de Mourão foi de uma infelicidade absurda.

“O que nosso vice-presidente estava dizendo ali que era melhor ter um povo subjugado por uma ditadura, morrendo de fome, do que tendo a possibilidade de se rebelar contra um tirano que o oprime. Muitas pessoas, principalmente no meio militar, pensam exatamente dessa forma, isso é histórico no Brasil, e vem muito fortemente, esse entulho autoritário, vem diretamente do ditador Getúlio Vargas, foi quem começou a impor essa mentalidade nas forças armadas. Em 1935, ele coloca o Exército para cuidar da fabricação [de armas], da venda... até o tiro esportivo é controlado pelo Exército no Brasil, isso não existe em nenhum país democrático do mundo. Tudo isso vem de Getúlio Vargas, um ditador, com grande simpatia pelo fascismo”, explicou.

Debate sobre o desarmamento não avança

Segundo Barbosa, o livro 'Mentiram para mim sobre o desarmamento', lançado em 2015, continua atual, uma vez que o debate não avança.

“Até me entristeço, porque o debate não se aprofunda, porque quase tudo que é dito a favor do desarmamento é, de alguma forma, deturpado, uma falácia, ou muitas vezes uma pura e simples mentira. Tanto é que o livro continua vendendo hoje tanto quanto, ou mais até, do que vendia no seu lançamento. Estou preparando um livro, que deve ser lançado no segundo semestre, uma coletânea de artigos meus, dos últimos 20 anos, e alguns artigos, de 10, 15 anos atrás, continuam atuais, porque continuam repetindo as mesmas coisas, é uma coisa impressionante, e mesmo assustadora”, completou o analista.
da Redação Ler comentários e comentar