Da mesma forma que uma conjunção de fatores propiciou a emergência e permanência por mais de duas décadas do "marketing político", outra conjunção está promovendo o seu ocaso.
As duas próximas eleições irão mostrar o seu grau de sobrevivência ou o seu desaparecimento. Ou, o que é mais provável a sua transformação.
O marketing politico substituiu a propaganda política. Nesta o candidato ou partido procura mostrar o que é, o que pensa. Produz peças publicitárias, usa os meios de comunicação para que o eleitor o conheça e o escolha.
O marketing parte da pesquisa e interpretação dos pensamentos, visão e, principalmente, do imaginário dos eleitores. Sempre com uma visão fragmentada dos diversos segmentos ou grupos.
A partir daí gera mensagens e imagens que alcancem às expectativas dos segmentos, tanto a favor como contra.
O bom "marqueteiro político" reúne a capacidade de perceber e interpretar "corações e mentes" dos eleitores e produz mensagens que: de um lado, os conquistem e de outro minimizem as reações contrárias. Caminhou para uma trilha adicional, a partir da mesma percepção do "imaginário popular": a desconstrução do adversário, colando nele elementos negativos, buscando comprometer a sua imagem.
O bom marqueteiro tem a capacidade de, a partir da percepção do mercado, isto é, do eleitorado, produzir imagens e mensagens do seu produto que agrade muitos e desagrade poucos. E trabalha para colocar nos adversários, o oposto.
O resultado é que o marqueteiro não permite que o seu produto, vale dizer o seu candidato (considerado como cliente), diga tudo o que pensa. Ele é orientado para dizer o que mais agrada e também a não dizer o que desagrada.
Isso achatou as campanhas políticas onde todos dizem a mesma coisa, que - supostamente - agrada ao eleitorado. E evitam dizer o que desagrada.
João Santana elevou esse processo ao máximo. Com isso reelegeu Lula, elegeu e reelegeu Dilma, elegeu Haddad e, em outros países, elegeu os candidatos que interessavam à Odebrecht.
A sua prisão se conjuga com outros fatores que reduzem os recursos para a plena realização das estratégias do marketing político.
A indagação, a partir do colapso ou ocaso dessa etapa ou desse modelo é o que o substituirá? Porque as eleições continuarão ocorrendo, as campanhas políticas também, com a necessidade dos candidatos e políticos se comunicarem com o eleitorado.
Voltar-se-á aos velhos esquemas de propaganda? O marketing político sobreviverá, com nova roupagem ou um novo processo ou modelo advirá?
O desejável (pelo menos do meu ponto de vista) é que se retorne à base, com os candidatos apresentando as suas ideias, as suas propostas, buscando que elas sejam majoritárias, mas não tomadas com a preocupação de que sejam impopulares, ou desagradem a uma parte do eleitorado. Política não pode ter unanimidade. Precisa ter divisão, com a vitória temporária de um partido. Alternância é uma condição básica da democracia.
Um projeto de país, de Estado, de Município ou de cidade não deve ser substituído por um projeto de poder.
Jorge Hori
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Jorge Hori
Articulista