A briga entre PT e PSDB e a palavra do homem que fez a denúncia que deu início a Lava Jato (veja o vídeo)
07/07/2020 às 16:56 Ler na área do assinanteA TV Jornal da Cidade Online entrevistou com exclusividade o empresário Hermes Magnus, cujas denúncias deram início à Operação Lava Jato. Em 2008, procurando investidores para sua empresa, ele acabou se envolvendo em um esquema de lavagem de dinheiro, operado pelo ex-deputado José Janene, réu do Mensalão e falecido em 2010, e pelo doleiro Alberto Youssef, condenado por corrupção no caso Banestado.
Magnus enviou informações para a Polícia Federal e para o então juiz Sergio Moro, mas o caso ficou engavetado por seis anos, até explodir na Lava Jato, em 2014. O empresário, que hoje mora fora do Brasil, contou os prejuízos que sofreu, não só financeiros, mas também morais, falou sobre as ameaças de morte e afirmou:
“Não me arrependo do que fiz, me arrependo, sim, de ter procurado a justiça. Enquanto a minha denúncia era anônima, eu devia ter saído do Brasil e nunca mais ter voltado. Nesse modelo de justiça, calhorda e covarde, foi um erro. Se eu soubesse o que sei hoje, nunca teria enviado aquele e-mail para Sergio Moro, para reforçar o que eu tinha dito para o delegado Gerson Machado”, ressaltou o empresário.
Lava Jato no governo Bolsonaro?
Para o empresário, o PT não passava a bola, não quis largar para outra facção da esquerda, que era o PSDB, e, lá pelas tantas, tentaram fazer com o que PT largasse.
“O jogo político foi tumultuado, só que deu errado, graças a Deus deu errado, acabou indo para o Bolsonaro. Para mim, esse movimento de Sergio Moro de ir para o Ministério da Justiça, já preparando o terreno... esses movimentos de absolver Danielle Janene (filha do ex-deputado José Janene acusada de lavar dinheiro) era um recado ao mundo político para tentar recuperar o poder. Para mim, Moro foi para o governo Bolsonaro para tentar investigar o governo Bolsonaro, fazer uma Lava Jato e quebrou a cara. Tanto que está aí, desprestigiado pela esquerda, pela direita e boa parte das pessoas que ainda não buscaram uma identificação aqui ou lá. Pela forma como ele saiu do governo, não parece aquele bom moço que a mídia fabricou”, destacou Magnus.
Processos contra Joice Hasselmann
O empresário processou a deputada Joice Hasselmann, autointitulada biógrafa de Sergio Moro, por chamá-lo de ‘delator ilustre’ nas resenhas do livro A História do homem por trás da operação que mudou o Brasil: “Delator é bandido que deserta, não sou eu. Aí, depois, ela fez uma live especial para me ofender, dizendo: ‘Eu sei que você botou a mão no dinheiro’. Aí processei ela de novo por causa disso. Ela sabe? A biógrafa de Sergio Moro sabe? Quem foi que falou? Se ela é a biógrafa de Sergio Moro... Eu perdi completamente a confiança no sistema,” ressaltou.
Reforma já na justiça
Para o empresário, a justiça no Brasil ainda faz papel de office boy da aristocracia.
“Com esse modelo de justiça que está aí, não vejo futuro para o Brasil nos próximos 10, 20 anos, precisa começar uma mudança, alternância na justiça, desde o juiz de comarca até o STF”, completou.
Assista a entrevista: