Há artista tão narcísico que exige que seu dejeto tenha cheiro poético.
Deseja enfiar o seu objeto no reino precioso do estético.
Sinto lhe dizer, querido mimado. O mundo real não é encantado.
A Arte pede amor, poesia, provocação e contemplação.
Ódio, não!
A Arte não é destrutiva, é criativa.
O seu cocô de menino arteiro, só mamãe cheirava, aplaudia e amava.
No mundo malvado e cruel, cocô será sempre cocô e Arte, Arte.
Menino, menino, as suas fezes e a sua nudez podem ser expressão, revolta, destruição, merecem cuidado e lucidez.
Trate disso no divã, crie o seu museu mental.
Não vá defecar no mundo real.
Nara Resende
Psicóloga clínica de adolescentes e adultos, escritora de Divã com poesia, Freud Inverso e organizadora do livro O jovem psicólogo e a clínica.