Muito antes da internet tornar-se a nossa realidade, especialistas diziam que essa revolução cibernética mudaria em definitivo as nossas vidas.
E ao que tudo indica, o ser humano transferiu para o plano virtual todas as suas referências de relações humanas; resultando assim numa estranha relação de amor e de ódio com pessoas que representam algum ideal político, religioso ou até de idolatria.
O resultado estamos vendo uma epidemia de problemas de relacionamentos, com pessoas que nem ao menos se conhecem pessoalmente.
A grande rede trouxe em escala mundial a ilusão de democracia, de igualdade. Todas as pessoas passaram a opinar sobre tudo o que ocorre na aldeia global. Acometidos pela sensação de poder ilimitado, os indivíduos (menos evoluídos) de todas as classes sociais finalmente são iguais em estupidez.
Produzem anarquias, dissidências, fofocas, fake News, desavenças mil. E desde que nos tornamos mais ativos politicamente, as mídias sociais são veículos para a disseminação de todo o ódio gerado no planeta.
As mazelas humanas são expostas no grande divã cibernético.
As frustrações individuais são expressas em forma de catarse, uma espécie de limpeza ou purificação. Libertação do que estava reprimido, produzido por certas atitudes, principalmente, representado pelo medo ou pela raiva.
O grande dilema humano é negar a sua própria sombra.
O fato é que acabamos por ver nosso lado sombra no comportamento alheio. Atribuímos ao outro o que na verdade existe dentro de nós. Criticamos tanto o mundo porque não suportamos nosso próprio mundo interior; a confusão de nossos sentimentos, os dilemas dentro de nossas próprias mentes.
O lado sombra é mantido de modo inconsciente, por isso negamos em nós e atribuímos ao outro.
Assim, nunca como agora, a sombra é projetada para fora de nós, com a violência das palavras duras, das mentiras, das calunias.
A menos que a pessoa não seja madura e saiba aceitar a sua sombra, sempre precisará do outro, como espelho, para aprender e evoluir.
“Era uma vez um homem que desgostava tanto de sua sombra e era infeliz com seus próprios passos que resolveu deixá-los para trás. Disse a si mesmo: vou simplesmente a fugir deles. Então se pôs de pé e começou a correr. Mas toda vez que levantava o pé e dava um passo, sua sombra o seguia sem esforço algum.
Voltou a dizer a si mesmo: preciso correr mais depressa. Então correu cada vez mais rápido, até cair morto. Se tivesse simplesmente entrado na sombra de uma arvore, teria se livrado de sua sombra, e se tivesse se sentado, não teria dado nenhum passo. Mas, ele não pensou nisso.”
Hoje são poucos os que têm a ideia de simplesmente se sentar à sombra de uma árvore. Muitos preferem correr de si mesmos, tal como o homem da história que nos conta Dschuang Dse.
Mas, quem corre da sombra corre para a morte. Nunca atinge a tranquilidade. Mas, é essa a situação de muitas pessoas, que praticamente correm ao encontro da morte por puro medo de deparar com a própria sombra, de contemplar os lados menos agradáveis.
Querem escapar da sombra. Mas, então sentem uma intranquilidade que muitas vezes se manifesta em problemas do coração. Não é por acaso que hoje as doenças cardíacas estão entre as causas de morte mais comuns.
Quando o coração jamais se tranquiliza, ele se sobrecarrega e em algum momento falha. Muitas vezes, problemas cardíacos estão ligados ao medo. É no coração que simbolizamos os sentimentos. Então, emoções reprimidas como o amor e o ódio, podem causar problemas de coração. O antídoto para não morrer do coração é aprender a amar.
Vivemos tempos difíceis. A carga é tão pesada que veio em nível global. Nossos ombros são obrigados a suportar o peso do mundo.
Doenças, desempregos, catástrofes, desilusões, tensões.
É preciso parar de correr.
Tempo de sentar-se à sombra de uma árvore.
Tempo de ouvir o coração.
“Hoje eu vou me visitar. Tomara que eu esteja em casa”
Bernadete Freire Campos
Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.