Uma sociedade livre consiste na facilidade que o Estado outorga a cada cidadão para que este possa colocar em prática os seus projetos pessoais. Quanto mais fácil for, mais pessoas conseguirão realizar seus sonhos e a sociedade como um todo será beneficiada com as virtudes individuais de cada brasileiro.
Assim, aquele que sabe cozinhar muito bem conseguirá abrir um restaurante para presentear a comunidade com pratos deliciosos; um marceneiro abrirá o seu estabelecimento para produzir móveis; um comerciante constituirá o seu pequeno comércio de roupas; o mecânico consertará carros danificados; pequenas indústrias surgirão para produzir novidades a todos; dentistas e médicos abrirão clínicas de saúde; engenheiros construirão prédios modernos; advogados prestarão assessoria jurídica a novos negócios; corporações estrangeiras importarão produtos diferenciados; e toda a população seria favorecida pela competição saudável de inúmeros empreendedores que ofereceriam os melhores produtos e serviços para o progresso de todos.
Nota-se que todas essas realizações ocorrem por meio da constituição de empresas privadas, as quais servem como ferramentas para colocar em prática sonhos e projetos de cada cidadão. Além disso, o conjunto de empresas forma o setor produtivo do país, cuja consequência é a geração de riquezas, a abertura de vagas de emprego, o ensinamento de ofícios profissionais aos mais jovens e o recolhimento de tributos em favor do Estado.
São as empresas privadas as responsáveis por realizar os projetos das pessoas e por pagar a conta do Estado brasileiro, como todos já devem saber. Mas, mesmo assim, é o Estado quem dá as ordens dentro da nossa sociedade, o que leva à iniciativa privada a pagar muito caro pelos piores serviços públicos do planeta.
Consequentemente, o principal conflito dentro da nossa sociedade consiste na luta que se trava entre o Setor Público e a iniciativa privada, sendo que o primeiro é defendido pelos partidos de esquerda e a segunda pelos representantes de direita.
O lado vermelho almeja um Estado ainda maior, capaz de sugar todas as riquezas produzidas pela sociedade produtiva, sem devolver serviços de qualidade. A estratégia socialista foi colocada em prática há trinta anos principalmente por meio de uma carga tributária sobre o consumo, sobre a produção e sobre as relações trabalhistas, o que prejudicou, respectivamente, os mais pobres, os empreendedores e as empresas e seus empregados.
Adicionalmente, a burocracia irritante com que o Estado trata a sua sociedade também é outro componente que configura a sua supremacia frente ao Setor Produtivo. Entretanto, provavelmente o Estado não se sustentaria caso não trouxesse para o seu lado milhões de servidores para fazer parte da sua nababesca estrutura.
Claro que devemos ressalvar aqueles que desempenham funções essenciais nas áreas da saúde, segurança, educação, infraestrutura, saneamento básico e forças armadas, dentre diversas outras áreas que merecem os aplausos de toda a nossa sociedade. Todavia, sabemos que há servidores em excesso e desnecessários, da mesma forma que há empresas estatais que servem apenas para inchar a máquina estatal e abrigar servidores excedentes que causam prejuízos aos cofres públicos.
A briga entre direita e esquerda ocorre entre aqueles que querem ser livres para colocar os seus sonhos em prática contra aqueles outros que querem se valer de seus cargos para viverem com estabilidade e altas aposentadorias às custas da iniciativa privada como se estivéssemos nas monarquias européias do século XVIII quando a realeza explorava seu povo para desfrutar seu luxo nos palácios reais.
Renato L. Trevisani
Advogado da área empresarial em São Paulo. Autor do livro “O Estado contra o Setor Produtivo – O principal conflito no Brasil.”