O peso do malhete

28/06/2020 às 12:58 Ler na área do assinante

Malhete para quem não conhece ou não lembra o que é, trata-se de um pequeno martelo de madeira que um juiz usa em tribunais para deliberar suas ordens. Todo martelo possui um cabo e uma ponta, sendo esta mais pesada para executar o serviço da ferramenta quando batida em determinado local.

Nesse caso do malhete vemos que a parte do cabo é segurado, muitas vezes por pessoas que estudaram, leram muito, passaram em diversos concursos para ocupar um cargo considerado tão importante para a sociedade, pois, decidir e determinar a verdade em um processo judicial tem um peso enorme para aquele que traz consigo, desde a infância, as experiências adquiridas e no decorrer de sua carreira de magistrado tomar uma decisão correta e respeitadora de todos os devidos direitos.

Só que não!

O que estamos vendo, hoje, são atitudes arbitrárias sendo tomadas contra pessoas por razões desconhecidas, o que mostra que aquela cabeça do martelinho de madeira está bem mais pesada que a mão que o segura. O martelinho está tendo a força e o peso da incompetência, desonestidade e má fé daquele que deveria estar protegendo os cidadãos de bem.

O aparelhamento da corrupção, mecanismo subterrâneo que ocupa diversas esferas, um submundo ocupado por pessoas que não apostam na saída do Brasil fazem o peso da ponta pesada do martelinho de madeira ficar muito mais pesado, principalmente para aqueles que galgaram sua subida até o trono por meio de falcatruas e indicações políticas; e não pelas vias normais.

Indiferente se você gosta ou não da ideologia de uma pessoa, ela deve ser respeitada em seus direitos como ser humano, isso a torna igual a todos. Ser perseguido e preso por ter opinião contrária ao “establishment” é vergonhoso e autoritário para aqueles que pensam que esse peso do martelo de madeira ficará só nisso. Enganam-se!

A inércia dos poderes que podem fazer algo para acabar com esses desmandos é absoluta, pois esses mesmos pesos da ponta do martelinho de madeira foram colocados em suas canetas.

Deixar que a censura e a perseguição tomem conta do que é certo e errado ficará mais pesado ainda, e provavelmente não terá mais uma mão para levantar o cabo do martelinho e muito menos a caneta. Haverá sim, uma grande e poderosa máquina estatal que não terá controle e o mecanismo tomará conta.

Por fim, aquelas pessoas que quando jovens sonharam em chegar onde chegaram e que poderiam mudar o destino de um país, tornando-o rico e livre, viraram escravos do martelinho de madeira e da caneta; a imparcialidade tomou conta.

Quanto às pessoas que seguram o cabo do martelinho de madeira, o poder e ambição engoliu!

Claiton Appel

Jornalista. Diretor da Ordem dos Jornalistas do Brasil.


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