Heróis improváveis: Grandes exemplos para o povo brasileiro

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A História, essa que vivemos ignorando, para dela repetir apenas os maus exemplos, mostra que diante de situações onde governos totalitários se estabeleceram, a liberdade retornou através das fontes mais improváveis.

Uma terra vasta, onde uma fração de armados com belos discursos mantinha um país inteiro sob jugo firme e esmagador. Foi através da iniciativa de um homem franzino e humilde, que os que nasceram nessa terra, passaram a lhe ditar os rumos.

Um país dito livre, mas que mantinha aqueles de uma cor determinada obrigados a ceder o lugar para outra, e ficar de pé ou até mesmo não embarcar no coletivo, se os lugares fossem escassos. Foi de um líder religioso, que veio a força e a organização que permitiu que todos pudessem viajar sentados, a despeito de sua cor.

Uma pequena nação, onde um líder carniceiro se determinou a purificar o território de todos os nascidos de certa origem. Foi através de cerca de uma dúzia de jovens e adolescentes, que tal açougueiro foi condenado por prejudicar a Humanidade.

A Independência da Índia em 1947, as lutas contra a segregação racial nos EUA dos anos 60, e a queda de Slobodan Milosevic no ano 2000, guardam lições valiosas e urgentes ao Brasil.

Todas atingiram seus objetivos sem disparar um tiro ou ferir a ninguém, embora os poderes constituídos tivessem ferido e prendido muitos de seus líderes e ativistas. Seus única força, reunida com conscientização inteligente e empática, foi a dos números.

Todas enfrentaram um sistema legal, administrativo, político, midiático e policial esmagadoramente surdo, parcial e sádico, que dizia agir no interesse de todos. E venceram.

E sim, todas superaram dificuldades em muito superiores às existentes no Brasil - os gigantes que os forçavam à obediência e ao silêncio fariam a "Democracia de Papel" brasileira, que já nos faz faltar o ar, parecer um anão magrelo.

Todas beberam de fontes semelhantes, que ainda são acessíveis, e que os brasileiros deveriam fortemente considerar usar. Mas se o Brasil desejar usar desse remédio contra a doença delirante da Democracia Totalitária (onde o Povo só tem poder nominalmente), uma condição essencial deve ser atendida.

Deixar de buscar por salvadores externos e já instalados em camadas de poder, e buscar em sua própria organização, a fonte de sua salvação.

Uma Resistência Democrática Não-Violenta surge das iniciativas daqueles que não temeram confrontar a dura verdade de que, os poucos, quando haviam, dispostos a ouvir e agir pelo povo nas esferas de poder, não agiriam de fato, ou não tinham poder suficiente por si mesmos, para fazerem o que era preciso.

Acesso a armamento por parte da população, juristas experientes, representantes eleitos, apoio das Forças Armadas, são ferramentas pelos quais o Povo realiza a sua vontade de escapar do jugo das mentiras sufocantes, da parcialidade indisfarçável, da indiferença criminosa ao sofrimento do povo. Não são os agentes. Quem realiza são aqueles que os ditadores consideram mais improváveis - um pequeno comerciante, um estudante entusiasmado, uma dona de casa cansada.

A salvação do Brasil não precisa de instrumentos - precisa apenas de espelhos.

Tercio Rodrigo de Azevedo Lima

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