O que um jovem prefere ouvir?
Que ele é livre sexualmente?
Que drogas o levarão ao paraíso escondido?
Que ele pode estudar, se quiser?
Que só irá trabalhar naquilo que lhe der prazer?
Que não precisa ganhar dinheiro porque a beleza está no estilo minimalista de ser?
Que ele não cumprirá obrigações, caso estas contrariem o seu modo de ver o mundo?
Que a Universidade é um espaço de livre pensar mesmo que não apresente provas e fatos?
Que a sua filosofia de vida é mais humanizada que a de seus pais?
Que seus pais estão errados quando trabalham muito, mesmo que o trabalho lhes dêem prazer?
Que o seu pensamento é menos egoísta porque aprecia a beleza das conchas e a poesia das borboletas?
Que todos seremos eternamente felizes numa linda comunidade de iguais?
Que a terra, um dia, será o paraíso, caso ouça os seus ideais?
Que ele tem razão?
Que ele está certo?
Que ele vai mudar o mundo?
Que ele sabe tudo e não precisa aprender?
Que a liberdade é irrestrita?
Que a vida é linda mas os adultos são horríveis?
Esta é a retórica de um Ditador.
Ele diz o que sabe que você gostaria de ouvir, se for necessário vira poeta, cancioneiro, trovador.
Discursa contradições e dissonâncias.
O discurso do mundo ideal, do imaginário literário atinge em cheio a mente da juventude.
É nessa fase da vida que os hormônios enganam os corpos prometendo a vida eterna e bela.
Nesse período, as mentes juvenis são aladas e sem medo da altura do voo.
Momento propício para o encantamento pelo torpor.
A sedução ideológica usa e abusa dos artífices da "Arte", da "História", da música e da linguagem para transitar livremente e defecar suas distorções conceituais não se importando com as consequências de futuras delinquências.
Nara Resende
Psicóloga clínica de adolescentes e adultos, escritora de Divã com poesia, Freud Inverso e organizadora do livro O jovem psicólogo e a clínica.