O Isolamento devido ao coronavírus foi uma besteira, conclui cientista
09/06/2020 às 20:10 Ler na área do assinanteKarl Friston, cientista inglês, diz que grande parte das pessoas é imune ao coronavírus.
Há pouco mais de um mês o cientista Michael Levitt, professor da Universidade de Stanford e Prêmio Nobel, afirmou que estudos comprovam que a maior parte da população é imune ao covid-19.
Essa hipótese foi levantada depois de alguns trabalhos realizados aonde aponta-se que são quatro os coronavírus responsáveis pelo resfriado comum: Alpha coronavírus 229E e NL63, Beta coronavírus OC43 e o HKU1. Eles circulam por todo o mundo.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem.
Agora, de um membro proeminente do SAGE, o grupo criado para desafiar os pareceres científicos do governo britânico, vem a afirmação de que a parcela das pessoas que não são suscetíveis ao Covid-19 pode chegar a 80%.
O cientista deixa bem claro que não é sua especialidade a área de Virologia (especialidade biológica e médica que estuda os vírus e suas propriedades), e sim compreender processos biológicos complexos e dinâmicos.
Seus modelos de estudos sugerem que a grande diferença entre os resultados no Reino Unido e na Alemanha, por exemplo, não é primariamente um efeito de diferentes ações governamentais, mas é melhor explicada pelas diferenças entre as populações, que fazem a "população suscetível” da Alemanha muito menor do que no Reino Unido.
"O fato é que o alemão médio tem menos probabilidade de ser infectado e morrer do que o britânico médio. Por quê? Existem várias explicações possíveis, mas uma que parece cada vez mais provável é que a Alemanha tenha mais ‘matéria escura’ imunológica – pessoas que são impermeáveis à infecção, talvez porque estejam geograficamente isoladas ou tenham algum tipo de resistência natural. É como a matéria escura no universo: não podemos vê-la, mas sabemos que deve estar lá", especulou.
A matéria escura específica mencionada acima compreende um subconjunto da população que participa da epidemia de uma maneira que os torna menos suscetíveis à infecção – ou menos propensos a transmitir o vírus. Esse tipo de matéria escura representa um desvio das abordagens epidemiológicas básicas de doenças infecciosas que assumem 100% de suscetibilidade da população.
"Tecnicamente, a evidência para essa matéria escura é esmagadora; no sentido de que a evidência (também conhecida como probabilidade marginal) de modelos com essa subpopulação é muito maior do que a evidência de modelos equivalentes sem ela", escreve Friston.
Ednei Silva
Professor, jornalista e escritor.