O Jornal Nacional, a “fraude” de uma empresa “de fundo de quintal” e a hidroxicloroquina
05/06/2020 às 05:11 Ler na área do assinanteCIÊNCIA! CIÊNCIA! (escolha a sua)
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Há pouquíssimos dias, o Jornal Nacional, com grande destaque, apresentou uma matéria sobre um estudo internacional que “comprovava” que a cloroquina não só era ineficaz contra o Covid-19 como causava muitas mortes.
https://globoplay.globo.com/v/8574214/
Um ou dois dias depois, procuradores enviaram uma “recomendação” ao Ministério da Saúde para que banisse o medicamento.
O estudo, conforme reconheceu hoje o próprio JN, era uma fraude (ou, na melhor das hipóteses, uma imensa trapalhada), proveniente de uma empresa “de fundo de quintal”, Sergisphere, que curiosamente tem na sua pequena equipe de funcionários um ex-ator pornô e um escritor de ficção cientifica (a empresa, não o JN).
Não tenho conhecimento quanto a terem os procuradores brasileiros se retratado da “recomendação”.
Observem o Jornal Nacional desta quinta-feira (4).
A pauta é: as cidades brasileiras estão flexibilizando cedo demais. “O Brasil está colocando o pé no acelerador quando deveria estar colocando o pé no freio.”
É tudo muito bem articulado: preparem-se para ver, amanhã, pedidos de medidas judiciais para que as atividades reabertas (comércio, serviços, etc.) sejam novamente fechadas, contra as decisões das prefeituras (prefeituras que, de acordo com a Justiça, tinham autonomia em abril, não tinham em maio, voltaram a ter em junho...).
Tudo, é claro, com base na ciência.
Igual ao episódio da cloroquina.
Marcelo Rocha Monteiro. Procurador de Justiça