“Antifas” versus “Bolsonaristas” - “O mal não descansa”

02/06/2020 às 18:38 Ler na área do assinante

Há um conhecido provérbio atribuído a Confúcio (que viveu entre 552 e 479 a.C, aproximadamente) segundo o qual “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Essa frase me ocorreu imediatamente ao assistir imagens de alguns eventos recentes, notadamente dos ‘antifa’ versus ‘bolsonaristas’. Na verdade, as imagens que vi fazem notar muito do nosso atual contexto político e social.

Como expresso pelo sábio dito de Confúcio, as imagens dispensam comentários. Quando vemos as ações dos “antifas” testemunhamos, estarrecidos, sua violência, seus saques, sua agressão, bem como a destruição e a promoção intencional do caos.

Fica claro, para qualquer sujeito dotado de bom senso (e bom caráter), que tal grupo tem um objetivo apenas: causar o caos, a barbárie. Nesse sentido, parece-me plenamente justificada a intenção do presidente dos USA, Donald Trump, de classificá-lo como grupo terrorista.

É preciso que fique claro que estamos lidando, sim, com um grupo terrorista, uma vez que seu propósito é causar o terror, o caos, a desordem, a violência ... a barbárie. E se trata, evidentemente, de um grupo cujos ataques são orquestrados e financiados. Por mais bestiais que sejam suas ações, elas não são espontâneas. Tampouco lhes falta recursos de “capitalistas” supostamente odiados por eles.

Mas, voltando à frase de Confúcio, do outro lado vemos as imagens mostrando os “bolsonaristas”, maldosa, absurda e falsamente acusados, pela esquerda (na mídia, nas universidades e no judiciário), de “nazistas”.

No entanto, quando vemos as imagens, que constatamos? Ora, observamos milhares de pessoas amistosas, corteses, alegres, vestidas de verde e amarelo, exaltando o Brasil e reivindicando justiça, honestidade, liberdade, separação entre os poderes (especialmente para assegurar autonomia ao poder executivo, atualmente cerceado e usurpado pelos demais). Durante suas manifestações vige o pacifismo.

Não há sinais de destruição, tampouco casos de agressividade, violência, etc. Além disso, enquanto os “antifas” tentam esconder seus rostos, nos quais eventualmente conseguimos ver, estampada, uma ominosa expressão de ódio, os “Bolsonaristas” sorriem, cantam, alegres por fazerem parte de uma manifestação familiar, patriótica e tranquila.

Não apenas isso, ela é também uma manifestação espontânea, legitimamente popular. Ela brota da sociedade civil mesma.

Assim como uma economia de mercado, ela tem como bússola a vontade individual, e isso no contexto de uma ordem espontânea. Os ‘antifas’, por sua vez, tal como tudo o mais nos projetos socialistas, é uma “desordem projetada”, subsidiada ardilosamente por aqueles que querem causar o colapso dos pilares civilizacionais e formada por inúmeros criminosos.

Portanto, ao cidadão cabe apenas observar as imagens e julgar por si mesmo. Simplesmente não é necessário argumentar para mostrar em que lados jazem o mal e o bem. As imagens respondem por si mesmas.

Ao vê-las constatamos, inequivocamente, inclusive quem somos, qual nosso caráter: nos identificamos com aqueles que almejam a destruição, a violência, o terror? Ou nos identificamos com aqueles que reivindicam justiça, maior liberdade e fraternidade?

Lembremos-nos de outros adágios que fazem parte do léxico popular, costumeiramente uma fonte de bom senso oriunda da experiência mesma, e teremos uma resposta para essas questões:

“Quem se mistura com porco farelo come”
“Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és"

Portanto, escolhamos nosso lado com sabedoria, pois essa escolha revelará muito de nosso caráter.

Não obstante, outra questão que me parece importar é a seguinte: por que tais imagens expressam muito do nosso atual contexto político e social?

Parece-me que essas imagens revelam claramente uma divisão que ficou escancarada sobretudo a partir de dois eventos que criaram diques ao projeto de hegemonia da esquerda mundial: a eleição de Trump em 2016 e a eleição de Bolsonaro em 2018.

Basta observarmos que, em ambas as ocasiões, os ‘antifas’ ganharam espaço (e subsídios) para atacar os futuros presidentes dos USA e do Brasil.

Por que ganharam espaço e notoriedade?

Porque a mídia é, assim como nossas universidades e, mesmo, judiciário, hegemonicamente de esquerda e violentamente contrária ao liberalismo e ao conservadorismo. Além disso, há “megainvestidores” improdutivos interessados em fazer desestabilizar ambos os presidentes e tudo aquilo que eles representam.

Há, é claro, crescentes vozes que destoam do mainstream, mas o movimento liberal e conservador ainda é incipiente, mesmo porque muitos são liberais e conservadores e simplesmente não sabem o que significam essas categorias (liberalismo e conservadorismo). Mas seu liberalismo e conservadorismo vieram a tona tanto nas eleições de Trump quanto nas de Bolsonaro.

Todavia, atualmente há diversas iniciativas cujo propósito é colocar um fim à liberdade de expressão, pensamento e imprensa, e isso com o objetivo de calar vozes liberais e conservadoras, tal como, é claro, desestabilizar os governos Trump, nos USA, e Bolsonaro, no Brasil.

Os já conhecidos ataques ao JCO, bem como as tentativas de desmonetizá-lo, assim como as recentes ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra indivíduos considerados “de direita”, alguns deles jornalistas, que ousaram questionar o establishment, apenas nos mostram que estamos em meio a uma guerra declarada: o mal avançando contra o bem.

Por mais maniqueísta que possa parecer essa separação, o fato é que estamos vivendo uma guerra mais do que material. Trata-se de uma guerra moral e, mesmo, “espiritual”.

Aqui não há espaço para “pluralismo”, “diversidade” ... diversos “tons de cinza”. É ou preto ou branco: ou nos posicionamos ao lado do bem, defendendo valores como a liberdade, a justiça e a fraternidade, ou consentimos com o avanço do mal e aquiescemos com a violação da liberdade, com a violência e com a destruição.

Aliás, as recentes ações dos ‘antifas’ nos mostram que a esquerda mundial não hesitará em usar da violência para destruir a liberdade e os valores que deveriam ser conservados, dada sua importância no assoalhamento do caminho que levou o ocidente à prosperidade.

Com efeito, essa mesma esquerda (globalista – socialista global) tem usado ardilosamente a pandemia do COVID-19 para obliterar, mediante medidas isolacionistas, a liberdade em diversas de suas formas: liberdade econômica, liberdade de ir e vir e, mesmo, liberdade de expressão e imprensa (o projeto de lei 1358/20, que seria votado hoje, 02/06, no Senado Federal, usa como justificativa o COVID-19 para propor a criminalização em torno daquilo que se decidirá ser ‘fake news’ – ou seja, ou se está com o mainstream ou se é criminalizado por divulgar ‘fake news’, expressão usada para definir opiniões divergentes).

Apesar de ser uma luta árdua, ainda estamos colocando barreiras contra as investidas que pretendem, mesmo recorrendo à violência e à barbárie, abolir a liberdade e todos os valores consolidados pelo tempo, por aquilo que o filósofo conservador Russell Kirk (1918-1994) definiu como “princípio da consagração pelo uso”.

O que liberais e conservadores pretendem, portanto, ao lado dos governos Trump e Bolsonaro, é preservar aquilo que T.S. Eliot (1888-1965) chamou de “as coisas permanentes”, as quais incluíam fé religiosa, ideia ‘natural’ de família, deveres, responsabilidade, defesa da liberdade, sociedade livre, propriedade privada, mercado livre, etc.

Essa é, aliás, a base do conservadorismo: a defesa das “coisas permanentes”. Um conservador não é, pelo menos não necessariamente, alguém com ‘cainofobia’, um medo (fobia patológica) da novidade, do que é novo. Toda mudança é possível, desde que mediante reforma, o que implica em justificar tais mudanças.

Mas as “coisas permanentes” representam um obstáculo à agenda globalista, a qual pretende instaurar uma nova forma de socialismo, dessa vez mundial e regido não apenas por um ditador, mas por um conjunto deles, todos partícipes da elite financeira global, os quais determinarão o que é um “mundo perfeito”.

Daí sua urgência e insistência para acabar com as soberanias nacionais, com a liberdade individual, etc.

O que eles almejam é a instalação de uma espécie de governo supranacional, como ocorreu no experimento fracassado da União Europeia.

Um dos expoentes dessa elite global, certamente não o mais importante e pernicioso, é George Soros e sua ‘Open Society’, a qual está presente nos mais diferentes lugares do planeta e apoia grupos como o ‘antifas’ e diversos outros, bem como partidos políticos (no Brasil é notória sua proximidade com o PSDB, cuja agenda está em sintonia com a agenda de Soros: defesa do aborto e da ideologia de gênero, da liberação do ‘uso recreativo’ de drogas, desmilitarização da polícia, vitimização do criminoso, ampliação do estado sobre o indivíduo, políticas desarmamentistas, etc).

Portanto, vivemos um momento decisivo. Ou escolhemos um lado ou ele nos escolherá. Seja como for, por escolha ou omissão, seremos definidos pelo lado em que estaremos. Não apenas isso, somos responsáveis pela preservação das “coisas permanentes”, dentre as quais está a liberdade.

Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito. Também é membro do movimento Docentes pela Liberdade (DPL), sendo atualmente Diretor do DPL/RS.

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