São Paulo, no carnaval: Fugir, pular ou apenas ficar

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O Carnaval em São Paulo está mudando de novo. Se é por conta de ciclos, novos hábitos ou crise, só saberemos ao longo dos próximos anos.

O Carnaval teve a sua fase de festa popular, comemorado por todas as classes. A classe rica ia fazer os seus corsos na "sua avenida": a Paulista.

A classe pobre nos seus bairros e barracões, fantasiando-se de reis, rainhas e de toda a corte monárquica. 

"Os que menos precisam" migraram para os clubes, com os seus bailes e concursos de fantasias. Movidos por lança-perfumes.

Com a proibição desses, a saturação dos concursos de fantasias, o carnaval migrou para a Avenida fechada, transformada em sambódromo. As fantasias sairam dos salões para a rua, levando a ilusão dos pobres a uma passarela, promovida, inicialmente, pelos bicheiros do Rio de Janeiro. Transformado em grande atração turística, nacional e internacional, com grande cobertura televisiva.

O carnaval espetáculo e competitivo ganhou grande adesão popular, com preferências por escolas e torcidas. 

A organização em séries ou grupos, com ascensões e rebaixamentos, como foram organizados os campeonatos de futebol, acirrou e animou os adeptos do Carnaval.

O modelo do carnaval carioca foi replicado em São Paulo, por interesse e força da Rede Globo que precisava preencher os seus horários vendidos.

Com a implantação desse modelo, patrocinado pela Prefeitura Municipal, acabaram os grandes bailes de Carnaval, restrito a alguns poucos clubes, e praticamente sumiu o carnaval de rua. 

O carnaval de rua da classe média, que conta com alguma repercussão na mídia, fazendo parte da opinião publicada, ficou restrito a um bloco na Vila Madalena. Os blocos de bairros, foram ignorados pela grande imprensa.

Em 2016 esse blocos carnavalescos da classe média emergiram, sejam novos ou renascidos.

O que explica esse fenômeno?

O ressurgimento do "espírito carnavalesco" do paulistano decorreria de um processo cíclico, após um ciclo de adormecimento de um elemento natural?

Ou seria efeito da crise econômica?

Os carnavalescos com renda, fugiam de São Paulo - "o túmulo do samba", expressão atribuida a Vinicius de Moraes - para buscar o Carnaval da Bahia, de Pernambuco e até do Rio de Janeiro. Muitos ficaram sem renda ou preferiram não gastar com as viagens.

Para outros o Carnaval não passava de um feriado prolongado, sem expediente bancário, razão para fugir para o litoral, para os refúgios do interior ou aproveitar para a viagem ao Exterior.

São Paulo, durante o Carnaval ficava uma cidade vazia, sem trãnsito, com aglomerações apenas em poucos locais, como os cinemas de arte e alguns restaurantes. Ou poucos que ficavam na cidade, iam para os mesmos lugares.

Com as restrições de recursos, muita gente não saiu da cidade. 

Já que é para ficar "vamos comemorar". Vamos pular aqui mesmo.

É uma explicação plausível.

Jorge Hori

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Jorge Hori

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