Os reflexos da saída de Sérgio Moro: O gato subiu no telhado…
24/04/2020 às 13:25 Ler na área do assinanteQuando Jair Bolsonaro se candidatou à Presidência não tinha prometido casamento com o agora ex-Ministro Sérgio Moro.
Então, quem votou no Presidente, sequer sabia que o então Juiz seria Ministro.
Depois veio o convite, com oferta de carta branca. Nem tudo na vida é como a gente planeja. E quem já viveu um pouco, sabe bem disso.
Juras de amor eterno se desfazem. Ressentimentos se transformam em paixões avassaladoras. Vitórias consagradas sofrem reviravoltas em milésimos de segundo (lembram da Prova de São Silvestre de 2019?), derrotados se tornam grandes vencedores.
Quer ver na advocacia é a tal da “causa ganha”. Ganhei centenas de causas que meus adversários consideravam impossíveis de perderem. Mas também meus clientes perderam algumas causas que eram certas.
Os ventos mudam, a economia muda, a saúde muda, a temperatura muda, o humor muda, os costumes mudam, a lei muda, a jurisprudência muda, os governos mudam.
Sérgio Moro é um craque! Um homem que prestou um grande serviço ao Brasil e que terá sempre o nosso respeito e admiração. Mas ainda não foi eleito nem provado pelas urnas.
Quando casou-se com Bolsonaro fez uma escolha e renunciou à brilhante carreira de Magistrado de escol para ingressar numa carreira política.
Uma escolha é igual a muitas renúncias.
E, no final das contas, quem vai responder pela gestão junto à nação é o Presidente.
E, convenhamos, que Moro, apesar de todos os predicados e esforços, também não conseguiu aprovar suas iniciativas de combate à corrupção, o que demonstra que todo o seu prestígio não teve muita ressonância, nem no governo nem no parlamento.
O que preocupa não é a troca do Ministro, mas a mudança radical no rumo do governo.
E o que é inegável é o desgaste que Bolsonaro assume, que me traz a nítida impressão que o Presidente está refém do General Braga Neto e da turma verde-oliva que sempre sustentou o centrão, do qual o governo agora se aproxima, contrariando frontalmente o discurso de campanha.
E isso sim é muito grave!
Há dias atrás escrevi que intuía que Bolsonaro era rei mas não governava. Agora tenho certeza que os comandantes militares exigiram que Bolsonaro abrisse o governo para o toma lá dá cá para não cair.
E começou a fazê-lo! É isso ou a queda.
O cheiro no ar não é bom...
O alinhamento com o centrão é podre!
Bolsonaro está presidente, mas já não governa!
Coloquei as barbas de molho!
Luiz Carlos Nemetz
Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz