COVID-19: Criação da natureza ou criação humana?

22/04/2020 às 06:16 Ler na área do assinante

Não sou simpático a teorias conspiratórias. Elas costumam ser, em minha opinião, uma distorção de fatos para a defesa de ideias esdrúxulas, dentre as quais estão na moda o terraplanismo, a tese de que o ser humano não esteve na lua, a defesa da existência de Illuminati que dominam o mundo, dentre outras ideias tão estapafúrdias quanto essas.

São ideias que, quando colocadas em seu devido lugar, eventualmente nos divertem. Mas da existência de teorias conspiratórias como as citadas não se depreende que não existam conspirações reais e ameaçadoras.

Ao comentar sobre as campanhas de desinformação promovidas pelos regimes comunistas mostrei como existem, sim, conspirações, e como elas são usadas para destruir pessoas, países, valores, instituições, etc:

Com efeito, uma teoria recente, por exemplo, sugere que o COVID-19 teria sido concebido pelo engenho humano, e não da natureza.

Nesse sentido, por mais que hábitos tais quais os de se alimentar de morcegos e cobras seja algo repulsivo ao paladar civilizado, sendo causa de possíveis pandemias e uma ameaça à saúde humana, o COVID-19 não teria sido oriundo desse tipo de dieta.

E aqui a teoria da criação humana do COVID-19 ganha força em virtude da relevância de seu mais importante proponente: Luc Montagnier. Muitos talvez não o saibam, mas Montagnier fez parte do grupo de médicos virologistas que descobriu, em 1983, o retrovírus da síndrome da imunodeficiência adquirida, da temida AIDS. Não apenas isso, em 2008 ele foi agraciado com o prêmio Nobel de medicina. Logo, não estamos nos referindo a alguém que deva ser simplesmente descartado como “teórico da conspiração”.

Dessa forma, segundo Montagnier há um laboratório de segurança máxima na cidade de Wuhan (Wuhan Institute of Virology - WIV), no qual é pesquisado, há dez anos, especialmente esse tipo de vírus.

Por essa razão ele considerou ser pertinente analisar acuradamente a sequencia de RNA (ácido ribonucleico) do vírus, análise realizada em colaboração com o matemático Jean-Claude Perez, o qual é especialista em biomatemática.

Segundo suas análises, o COVID-19 possui sequencias do vírus HIV (‘Human Immunodeficiency Virus’ – vírus da imunodeficiência humana, causador da AIDS), de tal forma que, segundo ele, o COVID-19 teria sido criado a partir do HIV (em um “coquetel” de vírus que incluía, além do HIV, o coronavírus encontrado em morcegos).

Tal tese é verossímil especialmente se considerarmos que o Partido Comunista Chinês não apenas ocultou informações sobre o início do surto (agravando mortalmente a pandemia), mas proíbe que se pesquise sobre a origem do COVID-19.

Vejam: mesmo políticos de esquerda, como Emmanuel Macron, manifestaram dúvidas sobre o surgimento do COVID-19, as quais são compartilhadas pelo governo dos USA, o qual, aliás, está investigando a possibilidade de o “paciente zero” (primeiro humano infectado com o COVID-19) ser um funcionário do Wuhan Institute of Virology.

Se tal possibilidade for confirmada, alardear que o primeiro caso surgiu em um mercado de Wuhan teria sido uma estratégia usada pelo governo chinês para propagar desinformação sobre a origem do surto.

Tal possibilidade é plenamente razoável, especialmente quando consideramos que a China tradicionalmente oculta dados e informações que possam macular a imagem do Partido Comunista Chinês.

A falta de liberdade é também um fator preocupante. Lembremos que Ai Fen, diretora do departamento de emergência do Hospital Central de Wuhan, simplesmente “desapareceu” após dizer à revista ‘People’ (Dezembro/2019) que uma infecção preocupante estava se espraiando a partir de Wuhan. Há também o caso dos cidadãos chineses Chen Qiushi e Fang Bin, que também “desapareceram” após documentarem os casos de COVID-19 conforme eles iam surgindo. Em suma, o Partido Comunista Chinês costuma silenciar com brutalidade todo aquele que “fala demais”, isto é, todo aquele que, em uma tentativa de usar sua liberdade de expressão (inexistente na China), levante questões que possam criar constrangimento para o Partido Comunista chinês e seu líder supremo vitalício (Xi Jinping).

Certamente há muita discussão sobre as possibilidades levantadas acima. Não há (e jamais haverá) consenso sobre essas especulações (razoáveis, cabe admitir).

Mas, embora bem fundadas, elas vão contra o mainstream que, capitaneado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o início saiu em defesa da China e da ideia de que o COVID-19 surgiu em um mercado de Wuhan. Não obstante, nesse momento países como França, Reino Unido, USA e Alemanha questionam a sinceridade do governo chinês quanto às informações acerca da origem do COVID-19.

Além disso, a revista alemã ‘Bild’ (de 15 de Abril), em texto de seu editor (“What China owes us”), recentemente acusou a China de ter, para com a Alemanha, uma dívida de aproximadamente 150 bilhões de euros (por danos causados à economia alemã).

Tal texto assume que a China foi responsável pelo surto do COVID-19.

Nos USA o grupo Freedom Watch (organização de defesa da liberdade) está movendo um processo contra a China no valor de U20 trilhões de dólares.

Segundo o grupo, o COVID-19 não surgiu espontaneamente, mas foi criado no Wuhan Institute of Virology. Eles alegam que sua criação foi o resultado do desenvolvimento de uma arma biológica.

Inclusive aqui no Brasil há uma tentativa de se buscar na justiça reparação pelos danos causados pelo COVID-19.

Uma ação popular (baseada no artigo 1º. do Projeto da Comissão de Direitos Internacionais das Nações Unidas sobre Proteção Diplomática – o qual permite que países sejam responsabilizados por ações ilícitas) na Justiça Federal do DF exige que a União obrigue a China a assumir os prejuízos causados pelo coronavírus no Brasil. A ação exige o pagamento de pouco mais de 5 bilhões de reais. Aliás, esse valor talvez precise ser revisto, pois os danos causados pelo COVID-19 e pelas medidas que supostamente devem preservar a saúde pública (especialmente o isolamento social e o consequente estancamento da economia) já afetaram financeiramente 81,9% da população brasileira.

Em alguma medida, esse percentual de brasileiros foi (segundo recente pesquisa do ‘Paraná Pesquisas’) impactado financeiramente.

Já contabilizamos centenas de milhares de empresas fechadas e milhões de desempregados, bem como milhões de trabalhadores ou com redução de carga horária (e salário) ou, mesmo, com suspensão de contrato (e de salário, consequentemente).

Sem falar nos impactos psicológicos (depressão, ansiedade, por exemplo) do isolamento social, também lesivo à saúde.

Portanto, seja acidentalmente seja intencionalmente, a China é a causa da atual tragédia que assola o mundo, ao qual ela deve muito.

Essa tragédia lembra muito outro desastre oriundo de outro país comunista adepto da ocultação e da desinformação (algo inerente aos sistemas comunistas): o desastre de Chernobyl, na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ocorrido em 1986.

Em ambos os casos encontramos desinformação e ocultação. Não apenas isso, ambos são causa de inúmeras mortes e diversas outras colateralidades.

E, tanto a antiga URSS quanto a atual China buscam se eximir da responsabilidade e de seus custos.

Diante disso, resta saber se os países mais afetados irão silenciar ou tomar providências enérgicas para que a China não apenas seja ‘transparente”, mas para que ela também assuma sua responsabilidade pelos custos dessa pandemia oriunda, de uma maneira ou de outra, de seu modelo socialista avesso à liberdade e aos direitos humanos mais fundamentais.

Ela tradicionalmente viola esses direitos de seus próprios cidadãos, mantendo-os na miséria e sem liberdade. Com a pandemia do COVID-19 ela conseguiu levar todo o seu mal para o restante do mundo, inclusive para democracias constitucionais que prezam os direitos fundamentais quase inexistentes na China.

Hoje, milhões de indivíduos ao redor do mundo vivem como se estivessem na China: sem liberdade (em nome do isolamento social imposto arbitrariamente – muitos têm sido presos por apenas caminhar em lugares públicos, por exemplo, bem como o estado do Piauí acaba de decretar a possibilidade de tomada da propriedade privada) e na miséria (em virtude das consequências nefastas do isolamento e da consequente estagnação da vida econômica).

Por acidente ou não, estamos tendo, nesse momento, uma prova amarga do que é viver sob um regime socialista.

Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito. Também é membro do movimento Docentes pela Liberdade (DPL), sendo atualmente Diretor do DPL/RS.

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