Inicialmente, antes de começar essa minha explanação, sinto-me no dever de dizer que se trata de uma análise pessoal. Portanto, não tenho compromisso com “acertar” ou “errar” os fatos que se desenrolam.
É que nesses tempos estranhos, onde até a opinião tende a ser tachada de “fake news”, sempre é bom ressalvar quando o que se escreve no meio midiático é um artigo opinativo.
Posto isso, vamos ao texto propriamente dito.
Jair Bolsonaro resolveu partir para o embate com Rodrigo Maia já agora, em abril, porque resolveu, na verdade, antecipar os movimentos que ele faria pouco mais à frente, quando construiria um apoio a um nome para suceder Maia no comando da Câmara dos Deputados a partir do ano que vem.
É que o covid-19 mudou o rumo das coisas. Além de transformar 2020 em um ano perdido, ao invés de promissor ano de recuperação econômica, como teria sido, abreviou o calendário.
O ano já acabou, politicamente. Depois do estrago causado pela pandemia, não sobrou mais nada de bom e útil.
Essas medidas de “lockdown”, pelo visto, vão se estender atá maio ou junho, mesmo com o Presidente gritando contra elas há uns 50 dias e fazendo o possível para interrompê-las; a economia não se normalizará mais.
Em um futuro próximo, será recolher os cacos do que restar e começar a construir algo de bom novamente.
Mas Jair Bolsonaro sabe que o povo não vai ter dúvida alguma, quando esse momento chegar, sobre quem foi o culpado pela crise econômica que advirá desse fechamento dos Estados e Municípios: os Governadores e Prefeitos.
E, obviamente, Rodrigo Maia, que se uniu a esses (Governadores e Prefeitos) em um complô e uma conspiração para tentar inviabilizar o Governo de Jair Bolsonaro, ao pretender empurrar a conta pelos atos irresponsáveis dos Estados e Municípios para a União pagar.
O povo, repito, sabe enxergar direitinho o que está acontecendo, e consegue discernir com exatidão as responsabilidades de cada um no caos provocado no Brasil.
Por outro lado, Rodrigo Maia tem como projeto pessoal a reeleição para novo mandato como Presidente da Câmara dos Deputados, no início do ano que vem (2021).
Não sei se alguém se lembra, mas Maia está na Presidência da Câmara desde a época de Temer, quando assumiu um “mandato-tampão” após a renúncia de Eduardo Cunha, em julho de 2016, sendo eleito para o restante do período que esse último teria, até fevereiro de 2017.
Em fevereiro de 2017, Maia foi novamente eleito para a Presidência da Câmara, para o biênio 2017-2018 (resto do Governo Temer).
Daí, em fevereiro de 2019 (quando se inicia o ano legislativo) foi mais uma vez eleito para a Presidência da Câmara, para a nova legislatura, no biênio 2019-2020.
Em 2021 terá nova eleição para a Presidência da Câmara, para o biênio 2021-2022, e Rodrigo Maia não pode ser candidato, pois o Regimento Interno proíbe reeleição na mesma legislatura (que, esclareça-se, começou em 2019, no ano passado).
Nesse sentido, Maia sabe que no ano que vem ele será carta fora do baralho, quando termina seu mandato como Presidente da Câmara. Será o fim de seu “reinado” lá na “cidadela” da Câmara dos Deputados.
Por outro lado, existem notícias dando conta que Jair Bolsonaro e seus interlocutores já vinham acenando uma aproximação com os deputados de Centro, antes dessa confusão provocada pela pandemia, devido ao desgaste da figura de Rodrigo Maia.
Mas ele (Rodrigo Maia), que é produto, unicamente, da mediocrização da política pelas velhas práticas do fisiologismo que sempre imperou na Câmara, especialmente implantadas pelo (P)MDB e DEM (antigo PFL), além da organização criminosa do PT, tem noção que sua sobrevivência política depende que se mantenha em evidência.
Como Presidente da Casa, ele usufrui de toda a estrutura que vem com o cargo - como ser “dono da pauta” e ter cadeira cativa nos canais de televisão para dar entrevistas quase que diariamente.
Exatamente por isso que dizem as más-línguas que Rodrigo Maia quer alterar o Regimento Interno da Câmara para, justamente, conseguir concorrer a mais um mandato como Presidente da Casa, perpetuando-se no cargo e impedindo o salutar rodízio de parlamentares no comando da Câmara dos Deputados.
Para isso, ele precisaria de apoio não só do Centrão (que é na verdade uma Esquerda) como da própria Esquerda (que é Esquerda-declarada e a extrema-Esquerda), para conseguir os votos necessário à alteração do Regimento.
Por isso que Rodrigo Maia, agora, percebendo que está no momento político propício, tenta de todas as formas enfraquecer Jair Bolsonaro, pois sabe que o Governo costurará apoio a um deputado para a próxima eleição da Câmara, em fevereiro do ano que vem.
E o cálculo político que ele fez é que quanto mais ele atacasse o Governo, passando a fronteira do simples “chororô e mimimi infantil” contra a pessoa de Jair Bolsonaro, que ele sempre manifestou desde o dia 1 do seu atual mandato como Presidente da Casa, mais apoio ele ganharia nas hostes do ódio ao Governo e a tudo que ele representa, conquistando, repito, votos que ele sequer teria (como da extrema-Esquerda). Ele está, digamos, “mostrando trabalho” para impressionar a falange do ódio contra o Governo.
Os ataques e a elevação de tom se transmudaram em conspirações nítidas, feitas às claras, como a manobra para aprovação da “pauta-bomba-de-hidrogênio” do novo Plano Mansuetto, que quebrará o país.
E passou, ainda, pela adjetivação, pelo limitado Rodrigo Maia (o economista sem diploma, a personificação da decadência moral do Congresso e da mediocrização da política), de que o Ministro Paulo Guedes “não é um homem sério”, como ele declarou publicamente para quem quisesse ouvir.
Por isso que a resposta que o Presidente da República deu a Maia ao vivo, na CNN, nesses últimos dias, foi nitidamente pensada e repensada. Ele calculou que Rodrigo Maia errou grosseiramente nessa elevação de tom, e que isso pode, sim, antecipar a sua derrocada.
Porque Jair Bolsonaro sabe que, se tem uma coisa que se manteve sem ser destruída, nesse caos provocado pela pandemia, foi a sua popularidade: quando ele fala às massas, ao povo, é imediatamente ouvido, compreendido, e apoiado.
Por isso que a partir de agora Rodrigo Maia será implacavelmente escrutinado e cobrado pelo povo, como aliás já vem sendo. Ele terá que lidar com as coisas como elas são: nuas e cruas.
Certamente para fazer isso o Presidente da República sabe que a força de Maia dentro da Câmara já não existe mais, ou já está pelo menos abalada. A figura dele está desgastada, e o próprio “Centrão” onde ele habita igual a um parasita já o vê com ressalvas e desconforto.
Todos sabem que o Mercado Financeiro tem Paulo Guedes (e o próprio Governo) em altíssima conta.
Então, quando Maia ataca violentamente a própria sustentação de tudo, que é a figura de Guedes participando ativamente do Governo e pilotando a economia, abre o flanco para ser abandonado à própria sorte pelos que se dizem “moderados,” “isentos”, “de centro - nem de esquerda e nem de direita”, e que, justamente por serem movidos unicamente pelo pragmatismo, ainda o enxergavam com bons olhos no controle da pauta da Câmara dos Deputados.
Essas pesssoas, que controlam o dinheiro, no Mercado Financeiro, desejam veementemente a recuperação econômica do país. Não tolerarão sabotagens à economia. Uma coisa é a tal pandemia, cuja conta infelizmente será paga por todos, outra coisa é a palhaçada criminosa que Maia vem fazendo contra o Brasil.
Por isso que, em minha opinião, a jogada do Presidente da República, ao partir para o ataque contra Maia, expondo-o em rede nacional na CNN, a despeito do que afirmam os iluminados analistas políticos tarimbados, como os que acham que “antagonizam” com tudo ou os que gostam de colocar os “pingos nos is”, ou ainda aquelas senhorinhas que gostam de brincar de Playmobil e postar fotos de espumantes e banheiras, foi brilhante.
Não foi por impulso, que o Presidente da República agiu. Muito ao contrário, foi de caso pensado - muito bem pensado.
O Presidente sabe que Rodrigo Maia, no final, terá apoio apenas de deputados como seu conterrâneo de Estado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) ou aqueles petistas da bancada da chupeta, porque, para esses aí, a política sempre será na base do quanto pior, melhor.
Nem os antigos colegas de Rodrigo Maia do Centrão terão coragem de encampar uma tentativa de mudar o Regimento Interno da Casa para possibilitar que ele se perpetue no mandato de Presidente da Câmara.
Eles apoiarão um nome novo, que será, igualmente, apoiado pelo Governo. E no final Jair Bolsonaro tende a ter a segunda metade de seu mandato de forma bem mais tranquila, sem os embates que foram criados desnecessariamente por Rodrigo Maia.
E quanto a esse, terá 1 ano e meio, de fevereiro de 2021 até as eleições de outubro de 2022, para tentar pensar em alguma estratégia que lhe dê o número de votos necessários para obter mais um mandato de Deputado Federal, para não sumir definitivamente da política brasileira e não passar para as páginas policiais do noticiário nacional.
Quem imagina Rodrigo Maia sem mandato de deputado? Será que ele frequentará clubes, na cidade do Rio de Janeiro? Ou o colégio dos filhos? Ou conseguirá ir comprar pão na padaria? A vida do homem será um inferno, terá que viver praticamente em “isolamento definitivo” na própria residência, para usar uma expressão da moda.
Esses são os fantasmas que assombram Rodrigo Maia: a perda do Poder lá na Câmara, que o levará ao ostracismo, considerando a sua própria mediocridade, a possibilidade de ele não conseguir se reeleger Deputado Federal, em 2022, e o sabido deprezo do povo, que jamais vai esquecer o que ele fez, à sua pessoa.
Os dias de Rodrigo Maia estão contados.
Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).