Um grito de despertar: É hora de enxergarmos a gravidade do panorama que nos assola
09/04/2020 às 19:42 Ler na área do assinanteO Governador João Dória Jr. agora quer implementar em São Paulo o modelo chinês de controle absoluto dos cidadãos, mediante o monitoramento dos celulares das pessoas. Tudo com a desculpa de "combater a pandemia", para fiscalizar quem está de fato em casa e bisbilhotar a vida privada.
Parece, por outro lado, como já li na internet, que ele já criou uma secretaria especial de defesa do consumidor, para "combater o aumento abusivo dos preços na época da pandemia". É a mais pura interferência estatal no livre mercado, algo que faria qualquer líder comunista ou ideólogo socialista se encher de orgulho.
A tendência, obviamente, é isso daí se espalhar para outros Estados, que agora têm carta branca para adotarem as medidas restritivas que acharem por bem adotar, no período da "pandemia", sem que a União possa impedir, como decidido ontem pelo juiz Alexandre de Moraes, do STF, esse careca sorridente aí da foto, que criou o inusitado "estado de defesa e de sítio Estadual" e que rasgou as regras constitucionais que estabelecem a Federação Brasileira e que distribuem a competência dos Entes.
Abro um parênteses para dizer que o que motivou a referida decisão do Min. Moraes (que é totalmente teratológica - ou seja: de uma monstruosidade jurídica evidente) foi uma medida interposta pela OAB (a entidade de classe a qual todos advogados brasileiros são obrigados a se filiar), junto ao Supremo Tribunal Federal.
Dito isso, vai aqui um desabafo: juro por tudo o que é mais sagrado que se eu tivesse como fazer isso, hoje, dia 09/04/2020, iria embora do Brasil, para nunca mais voltar. Começar uma vida em um lugar que valorize as liberdades individuais, e onde o Estado não cometa abusos contra os cidadãos, levando uma vida com dignidade, não me parece uma má ideia...
Contudo, quando a gente perde a chance de fazer algo na vida, a oportunidade nunca mais volta. Não tem mais espaço para esse tipo de coisa para mim, do alto dos meus 46 anos e da minha vida de advogado, cheio de responsabilidades profissionais e financeiras: mudar-me para um país estrangeiro é impossível.
Portanto, já que temos todos (eu, você, e quem mais estiver lendo essas minhas linhas) que ficar por aqui mesmo, não podemos perder tempo com divagações sem objetividade sobre "se pudéssemos isso", "se pudéssemos aquilo", é hora de enxergarmos a gravidade do panorama que nos assola.
Esse texto aqui é, como se diz em inglês, "a wake-up call" (um "grito de despertar", ou, como preferem alguns, um "despertador"): ou nós reagimos a isso tudo que está acontecendo à nossa volta, e lutamos pelo que conquistamos no nosso país, ou então é melhor começarmos a nos acostumar, de verdade, a viver em uma "quarentena perpétua".
O mundo como você conhece já não existe mais. Ingressamos na distopia da obra de ficção "1984", narrada magistralmente por George Orwell, que se tornou realidade no Brasil de 2020.
Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).