A mídia veneno brasileira e a enorme distância que a separa da mídia americana
07/04/2020 às 06:09 Ler na área do assinanteTenho dois televisores aqui em casa, um na sala, grande, e outro na copa, menor.
Nunca ficaram tanto tempo desligados !
Faz oito dias que nós – eu, a mulher e um filho de 35 anos – não vemos mais nada antes das 21 horas.
Houve comemorações, nos dois primeiros dias do confinamento, entre a esquerda corrupta e a turma canalha do #elenão pelo que disseram ter acontecido com a audiência da Rede Globo – uma explosão pelo fato de a maioria da população ter sido aprisionada em casa.
Conversa pra boi dormir: as histórias do Covid-19 saturaram, encheram o saco, o assunto cansou.
Eu mesmo vou sair no braço com quem puxar esse assunto comigo!
Vera Magalhães, a apresentadora do Roda Viva, foi para o twitter comemorar o “record” de audiência conquistado pelo programa na segunda-feira, 30-03, com a entrevista do biólogo Átila Lamarino: “1,7 ponto de média na faixa das 22h00 às 23h40”, informou a moça com pretensões de ser jornalista.
Deu na verdade um tiro no pé: os contribuintes paulistas devem estar se perguntando se vale mesmo a pena investir $ 100 milhões/ano numa emissora cujo recorde de audiência é um número ridículo?
A única informação com cara e jeito de verdade que circulou nestes tempos sombrios foi dada pelo apresentador da Globo, Willian Bonner: o paredão do BBB recebeu nesta terça-feira mais de um bilhão de votos!
Sim querendo escapar do bombardeio da impiedosa e incompetente cobertura da Pandemia, o telespectador refugiou-se nessa porcaria de programa.
UMA COBERTURA DE VERDADE
Eu estava em Miami, Flórida, EUA, quando passou pela cidade o Furacão Andrews, até hoje o mais devastador que atingiu a cidade (agosto de 1992)!
Posso dizer que eu mesmo fui salvo pelo jornalismo que se praticava por lá nessa época: foi um bombardeio de cinco ou seis dias de informação de altíssima qualidade.
Todos os canais transmitiam informes sobre o furacão e a mesma tarja, embaixo, no vídeo, atualizada em tempo real, dava três dados relevantes: exata localização, pressão atmosférica e velocidade dos ventos.
APRENDI TUDO
Diante da TV por algumas horas, aprendi quase tudo sobre furacões e recebi orientação completa para me prevenir, da escolha do quarto do hotel até evitar o uso de elevadores e os cuidados com janelas de vidro.
Em resumo: as mídias souberam usar todas as tecnologias disponíveis (satélites, infográficos, computadores) com um único objetivo: proteger a sociedade dos riscos que chegavam com ventos que sopraram a mais de 260 km/hora.
Olho para a cobertura do Covid-19 no Brasil e me envergonho de ser jornalista: não, a finalidade não é informar e proteger a sociedade.
A finalidade é espalhar pânico, terror e fazer política rastaquera.
Nem preciso dar exemplos: quem está de quarentena como eu sabe muito bem do que falo e, se for jornalista de verdade, estará tão envergonhado quanto!
Dirceu Pio. Jornalista.
da Redação