Num documentário da National Geographic sobre felinos da África, dois guepardos machos, loucos por acasalar, engalfinharam-se na disputa por uma fêmea.
Nisso, um leão, pesando cinco vezes mais que qualquer dos brigões, entrou em cena. Mas os guepardos subestimaram a ameaça e não interromperam a luta. E, minutos depois, a câmera mostrou o leão.... com o cadáver da fêmea disputada na boca.
Eles não reconheceram o inimigo comum e mais forte. E perderam ambos. A conduta básica dos guepardos é determinada pela genética. Eles não são racionais nem tem discernimento, mas reagem por instinto. E o apetite de acasalar venceu o instinto de evitar o perigo. Tudo muito natural.
Antinatural é, entre nós, ignorar que a pandemia é o inimigo comum, usando o sofrimento da população para politizar a crise. De olho em 2022 e raciocinando como feras, desde figurões como João Dória, Rodrigo Maia e coronéis da esquerda, até aos aloprados que batem panela, todos só pensam em nocautear o governo, com grave prejuízo para o país.
Para derrotar a pandemia, o Brasil é instado a fazer um esforço de guerra, cobrando, de todos, união e boa dose de sacrifício. É assombroso, pois, que oportunistas estejam empenhados em dividir a nação como tática rasteira de disputa política, acarretando fatalmente maior sacrifício para os mais pobres.
Ah, quer dizer que Bolsonaro não pode ser criticado? Ora, antes pelo contrário: convém que o seja. Mas que não se tome por crítica a incessante e desmedida guerra movida por uma coalizão formada por alguns dos principais órgãos de imprensa, pelos parasitas do Centrão e pelas hienas da esquerda. O país está pagando por essa guerra.
A crítica tem, sim, que ser livre, para o cidadão e para a imprensa.
Aliás, um dos inúmeros motivos por que, em 2018, elegeu-se Bolsonaro e se repudiou a candidatura de Fernando Haddad foi estar previsto no programa de governo do petista promover o "controle social da mídia", isto é, a blindagem do governo às críticas - como na Venezuela.
O inaceitável é usarem a liberdade de expressão para desinformar a população, gerando pânico e, nalguns casos, desespero. Tudo para matar a esperança e vergar a coragem das pessoas, suscitando uma sensação de desamparo e revolta, estado de espírito que costuma voltar-se contra o presidente do país.
Quem ganha com isso? E quem efetivamente perde?
A população terá que dar uma resposta razoável à alta ralé e aos batedores de panela, usando, diferentemente das feras, o discernimento e agindo com responsabilidade.
É hora de união, não de politização.
Renato Sant'Ana
Advogado e psicólogo. E-mail do autor: sentinela.rs@uol.com.br