Às vezes eu acho que nós, brasileiros de bem, os que querem um país melhor, longe de toda a sacanagem que sempre aconteceu no Brasil, não somos merecedores da benesse advinda com a eleição de Jair Bolsonaro para Presidente da República.
Para que eu consiga explicar essa minha afirmação, observem o atual panorama:
(i) a mídia, que sempre atuou com forte oposição ao Governo desde o “dia 1”, a partir de agora resolve engrossar o discurso, passando para o confronto direto;
(ii) é construída a narrativa de perda de apoio popular de Jair Bolsonaro, com reportagens fantasiosas que vão ao ar em telejornais, no sentido de descontentamento da população com o Presidente;
(iii) paralelamente a isso, criam-se reportagens, também, de uma suposta incoerência do Presidente no trato da pandemia do coronavírus, mesmo com toda a demonstração das ações pelo Governo, em entrevista coletiva concedida pelo Presidente e por seus Ministros nesta quarta-feira (18).
Ao invés de instaurar um clima de patriotismo, com uma rede de solidariedade entre os brasileiros, para se unirem para atravessarem, juntos, o momento difícil, exploram a pandemia para fazer surgir o cenário caótico ideal aqui no Brasil, de desconstrução do Presidente da República e sua imagem.
Nesse panorama, entra em cena a tentativa de realinhamento das forças que sempre fizeram oposição ao Presidente e ao que ele representa: Rodrigo Maia e sua turma, Rede Globo e Folha de S.Paulo, extrema-esquerda, etc.: todos, absolutamente todos, unidos com o único propósito de derrubar o Presidente.
Infelizmente, a maioria dos brasileiros que apoiou Bolsonaro na eleição acha que bastava votar, e ponto final. Eles não tiveram consciência para perceber que deveriam ir além: tinham que ter se engajado mais ativamente na política; tinham que ter aprendido a não consumir mais os produtos da mídia - especialmente desligar a Rede Globo e não assistir mais a seus programas, e boicotar todo e qualquer produto por ela anunciado; tinham que ter ajudado financeiramente as mídias alternativas de Direita, com qualquer valor que pudessem contribuir; e por aí vai.
Justamente por não existir vácuo no Poder, e por estarem criando a narrativa de que a Presidência da República não está cumprindo o seu papel (narrativa que infelizmente está dando certo, até o presente momento), é que figuras como Rodrigo Maia crescem nesse cenário caótico.
Se na fase “pré-vírus chinês” ele, Maia, se limitava a umas 1000 curtidas nas suas postagens no Twitter, agora, no auge da manobra de engenharia social de alteração do senso comum dos brasileiros sobre a percepção do Governo, passou para umas 20.000 curtidas.
Ou Rodrigo Maia, cuja imagem vem sendo vendida como de “líder moderado”, ganhou uma popularidade repentina, ou então as curtidas são falsas.
“Ah, mas curtida no Twitter não quer dizer nada”, pensam alguns.
Pois eu digo a esses: negativo! O poder das redes sociais é inegável hoje em dia. A mídia brasileira tem uma enorme influência ainda, principalmente por causa da falta de engajamento do brasileiro para lutar contra o que o prejudica, e pela ausência de qualquer contraponto nas narrativas da extrema-imprensa.
Está sendo criado um cenário propício para movimentos golpistas muito mais ousados do que os que aconteceram até aqui, que não passaram de “fogo de palha”: agora, por causa do “vírus chinês”, a deterioriação econômica que vai acontecer será colocada 100% na conta do Presidente da República. E sem a união de esforços patrióticos, de que falei antes, pela falta de conscientização política dos brasileiros, levará à perda de popularidade de Bolsonaro para com uma parcela considerável que ainda o apoia.
Os brasileiros não se engajam para as coisas que realmente importam. A ausência de lideranças na Direita, aliado ao comodismo inato de parte da população, provoca isso. Estamos assistindo ao Presidente ser abandonado à própria sorte, sem que façamos nada para impedir.
Já é mais do que chegada a hora de todos que se dizem apoiadores do Presidente e do que ele representa enxergarem o que está ocorrendo e se conscientizarem.
É tempo de valorizarem realmente o que conseguiram no país, ao elegerem Jair Bolsonaro presidente: não terão outra chance igual a essa nunca mais! Nunca mais!
O caminho foi aberto por Jair Bolsonaro sim, mas a estrada ainda não está pavimentada. Quanto a isso, o serviço depende muito mais dos seus apoiadores.
Pobre povo brasileiro!
O que a falta de uma “cultura de direita” no país faz...
Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).