Como o surto do coronavírus comprova que algumas culturas são, sim, melhores do que outras
18/03/2020 às 09:13 Ler na área do assinanteEm dois textos que publiquei aqui no JCO eu defendia, contra o multiculturalismo e contra o relativismo (ou seja, contra o establishment acadêmico), que há, sim, culturas melhores. Dito de outra forma, algumas culturas são, indisputavelmente, melhores do que outras. Como tratei disso nesses dois textos não irei voltar ao que já escrevi:
Dessa forma, parte da tragédia que agora assola o mundo civilizado (uma tragédia não apenas no que concerne à saúde, mas também à economia) se deve exatamente ao fato de considerarmos que certos hábitos devem ser respeitados simplesmente por serem parte de uma determinada cultura.
Como digo em um dos textos referidos, “atualmente uma das principais ameaças ao mundo civilizado (e suas benesses) são as abjetas ideias de ‘decolonização’ e ‘multiculturalismo’, aliadas à ideia de diversidade, as quais frequentemente culminam em ‘relativismo’ cultural, moral, estético, etc, as quais rejeitam as causas de nosso bem estar e prosperidade”.
Sim, algumas ideias lesivas ao nosso bem viver são defendidas ardorosamente pela Intelligentsia, pelos nosso ungidos acadêmicos, para os quais não há culturas melhores do que outras.
Assim, que dizer do hábito que quase 600 milhões de indianos têm, a saber, de defecar ao ar livre? Sim, são toneladas de fezes diárias ao ar livre. Resultado? Milhares morrem anualmente em virtude da transmissão de doenças das quais as pessoas não precisariam morrer se houvesse, é claro, uma mudança cultural com vistas à higienização. Das pessoas que morrem a maioria é formada por crianças (em torno de 200 mil por ano).
Trata-se de um hábito cultural. Agora, pergunto: equivale ele ao uso que fazemos de sanitários (e subsequente higienização das mãos)?
Agora, quanto ao coronavírus, os pesquisadores apontam como seu agente transmissor os morcegos. Notem: no início desse século os morcegos já foram responsáveis pela transmissão da síndrome respiratória aguda grave (SARS).
Dez anos depois os mesmos morcegos causaram outra doença respiratória, a síndrome respiratória do oriente médio (MERS). Agora, o chamado COVID-19 nos é transmitido, novamente, pelo morcego.
Segundo as autoridades chinesas tudo teria começado em um mercado na cidade de Wuhan, na qual eram vendidos alimentos (para nós) “exóticos”, como víboras e .... morcegos. Sim, morcegos fazem parte do cardápio de muitos chineses.
E, sabe-se, os morcegos transmitem diversas cepas de coronavírus. E tal vírus, como agora estamos todos testemunhando, causa nos humanos inflamações pulmonares graves, levando muitos ao óbito. Sem falar no impacto que essa crise está tendo sobre a economia (privando muitos das benesses de nosso desenvolvimento).
Assim, volto àquela questão que já levantei nos textos citados: não teríamos culturas melhores do que outras?
Uma cultura com hábitos alimentares nos moldes daqueles estabelecidos pela civilização ocidental não evitaria que situações como essa ocorressem?
Infelizmente, ainda há no mundo grupos vivendo à parte dos grandes avanços promovidos pela civilização ocidental.
Muitos ainda vivem de forma primitiva, quase selvagem, se alimentando seja de criaturas repulsivas e altamente nocivas (como morcegos) seja de criaturas que adotamos como companheiras (como cachorros, os quais também fazem parte do menu dos chineses).
Mas, felizmente, o ocidente segue assoalhando o caminho para um mundo mais adequado ao nosso conforto e bem-estar.
Recentemente o Galilee Research Institute (Migal), situado em Israel (onde nem morcegos nem cachorros fazem parte da dieta) anunciou que teria desenvolvido uma vacina para o novo Coronavírus.
Sim, o ocidente vai, mais uma vez, nos conduzir a uma saída desse estado sombrio.
Como nos mostra, por exemplo, Steve Pinker (em “O Novo Iluminismo”), o ocidente sempre nos eleva para um estado humanamente melhor.
(Texto de Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito)