PSL 17 – Um partido cujo único objetivo é destruir Bolsonaro

05/03/2020 às 20:43 Ler na área do assinante

Luciano Bivar, “dono” do Partido Social Liberal, já definiu: o objetivo do PSL é destruir Bolsonaro. Bivar comanda hoje o partido mais rico e poderoso do Brasil e conta com o apoio (explícito ou velado) de muitos políticos eleitos e não-eleitos em 2018. Os apoiadores de Bivar seguem firmes na direção da organização partidária comandada pelo deputado pernambucano ou pleiteando cargos nas prefeituras e câmaras municipais Brasil afora neste ano eleitoral de 2020.

O MEDO DA DEGOLA

O começo desta história remonta há cerca de três ou quatro anos atrás. A iminente aprovação da cláusula de barreira preocupava Luciano Bivar desde 2016. Na ocasião, o deputado percebeu que precisava preparar sua sigla para a nova realidade que se desenhava no horizonte político-eleitoral do Brasil.

A cláusula de barreira é um instrumento legal que visa inibir a existência de partidos nanicos sem representatividade. São aqueles cuja única razão de existir é o de representar os interesses de seus “donos”, garantindo a eles grande poder através da negociação da participação da legenda em coligações e das benesses do fundo partidário.

O PSL/LIVRES

Bivar sabia que se mantivesse o desempenho que sempre teve, o PSL seria jogado no ostracismo após as eleições de 2018 caso a cláusula de barreira viesse a ser aprovada. Permitiu então que a legenda abrigasse o movimento LIVRES a partir do início de 2017. O LIVRES – que ainda hoje atua de forma apartidária – teria o condão de dar ao PSL uma identidade ideológica e agregar os votos liberais (ou parte deles) à legenda. Mas o principal objetivo era salvá-la da degola da cláusula de barreira que de fato acabou instituída em setembro de 2017.

A união PSL/LIVRES ia muito bem até que Luciano Bivar vislumbrou a possibilidade de abrigar em seu partido um candidato à Presidência com potencial de ser muito bem votado em 2018. Jair Bolsonaro estava em busca de uma legenda que o permitisse atender à exigência da filiação partidária obrigatória para concorrer ao cargo de Presidente da República.

O CASAMENTO COM BOLSONARO

Como o projeto Bolsonaro pareceu mais promissor que o LIVRES, sem qualquer cerimônia e sem sequer comunicar previamente aos até então aliados, Luciano Bivar fechou com Jair Bolsonaro. Entregou a ele o partido durante as eleições de 2018, quando a sigla foi presidia por Gustavo Bebbiano.

Em um desses lances de sorte que se dá uma vez na vida, o PSL de Bivar saltou do risco da degola para a condição de maior partido do país com a “Onda Bolsonaro”. Alçado a este posto, com um fundo partidário milionário e a maior cota de TV do horário eleitoral, Bivar não precisava mais de Bolsonaro. Ao contrário, o inquilino agora era um incômodo, considerado o seu rigor com o dinheiro público.

TRAIÇÃO E DIVÓRCIO

Os desconfortos foram sendo criados até esgotarem a paciência do Presidente Bolsonaro que, em um ato de incomum ousadia, preferiu deixar para trás o espólio partidário que seu êxito eleitoral produziu e criar uma nova legenda.

Mas Bolsonaro saiu atirando e apontando o tipo de caráter de Luciano Bivar. Ele, por sua vez, converteu o homem que salvou legenda em seu inimigo número um e hoje o objetivo do PSL é destruir Bolsonaro. Com o Presidente saíram todos os que são verdadeiramente bolsonaristas e não estão exercendo mandato. Já aqueles que precisaram permanecer por conta de seus mandatos estão sendo punidos e perseguidos.

PSL, PARTIDO ANTIBOLSONARISTA

O PSL tornou-se, portanto, não apenas um partido incompatível com o bolsonarismo, mas uma trincheira de oposição e combate ao governo de Jair Bolsonaro e aos congressistas que seguem fiéis ao Presidente da República.

Todavia, não se enganem: apesar de toda a ação oposicionista do PSL ao Presidente, enquanto Jair Bolsonaro tiver boa popularidade, muitos dos políticos daquele partido se fingirão de grandes bolsonaristas. Ora, convenhamos, é muito conveniente ser bolsonarista surfando a onda da popularidade daquele que seu partido atraiçoa e gozando as benesses dos fundos partidário e eleitoral que o Aliança Pelo Brasil já declarou que nunca usará.

As eleições de 2020 e 2022 se aproximam e outros tentarão fazer como Bivar ou como Joice Hasselmann. É preciso evitar novos bivares e novas joices, que esfaqueiam pelas costas aquele a quem devem tudo o que têm hoje na política.

(Texto de Thiago Rachid)

Conheça o blog do autor: https://thiagorachid.com.br/

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