O preço do petróleo cai em função de duas perspectivas: a demanda cai consistentemente ou a oferta cresce, inevitavelmente.
A queda decorre das mudanças do padrão de consumo, nas economias desenvolvidas, em função das preocupações com os efeitos do seu consumo sobre o aquecimento global. Há todo um processo de substituição do petróleo por combustíveis renováveis, para a movimentação dos veículos. Ou mesmo a mudança do combustível líquido por baterias elétricas. Mas ainda grande parte da produção de eletricidade é baseada em materiais fósseis (gás e carvão).
Por outro lado há um excesso de oferta, dentro da capacidade produtiva instalada e um enorme volume de reservas ainda não exploradas.
Os principais produtores, mesmo diante da contenção da demanda global mantém a produção para forçar os produtores menos eficientes a reduzir a produção e desativar as suas instalações.
A redução da produção por conta do preço baixo não ocorre a curto prazo, porque o custo maior da produção está na amortização dos investimentos já realizados anteriormente. Na situação de crise, para o produtor a decisão de interromper ou não a sua produção está no custo variável, em relação ao preço. O que ele deixa de ganhar é a recomposição do seu capital. E para efeito do fluxo de caixa se ainda houver margem operacional financeira para pagar os financiamentos o produtor continua produzindo.
Por outro lado, grande parte das petroleiras, principalmente as dos países emergentes ou em desenvolvimento são estatais e contam com recursos públicos para se sustentar. Os Governos, com apoio da sua população, acham que não podem deixar a riqueza debaixo da terra. Precisam transformá-lo em riqueza recebível. E seguem produzindo. Digam a Venezuela e o Brasil. Dai a inevitabilidade da sustentação da produção, a curto prazo, apesar dos preços deprimidos. E também o aumento dos estoques.
O que está caindo, vertiginosamente, são os investimentos na sustentação ou aumento da produção. Instalações de produção de petróleo tem vida finita e muitas já está na fase de declínio, com baixa produtividade e próximas à desativação.
A médio ou longo prazo a produção irá cair, por conta da redução da capacidade instalada. Se nessa fase a demanda ainda estiver ativa, os preços voltarão a subir. Sem chegar ao patamar dos cem dólares o barril, mas bem acima das cotações deprimidas do momento.
É o que o líderes do cartel do petróleo, principalmente sediados na Arábia Saudita acreditam e jogam, acompanhados por todos os especuladores mundiais. O jogo é conhecido, os resultados esperados, mas quem terá cacife para entrar e aguentar seguir no jogo?
A demanda de petróleo nos países desenvolvidos continuará caindo, por conta das pressões ambientais e absorção pelos ricos da cultura de baixo carbono.
Mas os pobres seguirão na sua expectativa de alcançar os padrões dos ricos e dos países desenvolvidos. A demanda será sustentada pelo crescimento do consumo dos chineses (ainda que em ritmo menor que o "chinês"), pelos indianos, pelos indonésios, tailandeses e outros neo-emergentes.
A perspectiva dos próprios órgãos internacionais comandos pelos países desenvolvidos é que em 2050 entre as maiores economias mundiais, a Índia estará entre os 5 maiores e a Indonésia entre os 10, na frente do Brasil.
Qual será o padrão de consumo de combustíveis desses neo-emergentes em 2050?
Decretar o fim da era do petróleo, com base no que está ocorrendo nos países desenvolvidos, onde isso parece ser inevitável é desconsiderar que o mundo será cada vez mais dos outros e não deles.
Jorge Hori
http://iejorgehori.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/jornaldacidadeonline
Se você é a favor de uma imprensa totalmente livre e imparcial, colabore curtindo a nossa página no Facebook e visitando com frequência o site do Jornal da Cidade Online.
Jorge Hori
Articulista