Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão, diz o ditado popular.
Então, os Governos para obter apoios das famílias despojadas, distribuem o pão e acrescentam o circo. Assim, todo mundo se alimenta - ainda que minimamente - e se diverte.
No Brasil aproveita-se o Carnaval para propiciar o circo.
Com a crise econômica, o carnaval do Rio de Janeiro terá menos patrocínios e menos recursos. As escolas são obrigadas a reusar e reciclar as fantasias, adereços e carros alegóricos. As de São Paulo também. Com menos recursos o "Carnaval Espetáculo" perde o "globomur", mas pode voltar à espontaneidade de antes. Enquanto isso os blocos, organizados pelas comunidades (ricas e pobres) se expandem.
Na Bahia dominada pelo carnaval de rua, com os seus trios elétricos, o evento foi elitizado, segregado com as cordas e desenvolvido como produto turístico. Para participar do lado de dentro, "atrás do trio elétrico" é preciso comprar o abadá, que está da ordem de R$ 350,00.
Para promover a "inclusão" social e um carnaval democrático o Governo Estadual resolveu patrocinar um carnaval sem cordas, contratando a renomada artista Ivete Sangalo e Bel Marques. Para que o povo possa desfrutar da animada participação da sua adorada cantora, sem estar segregado pelas cordas e pelos cordeiros.
Segundo notícias vazadas na imprensa, para isso os dois, em conjunto, receberiam "cachê" de R$ 840 mil, o que gerou reação de parte da sociedade baiana e grande controvérsia.
Num estado com grande carência de serviços públicos, seria adequado destinar tal verba para a alimentar a alegria do povo?
Pelo menos durante uma semana de festas o povo poderia esquecer as suas agruras, esquecer que está desempregado, que está com mau atendimento médico, que está sem segurança pública. Carnaval é alegria só.
Precisa o Governo destinar recursos públicos concentrados para tão poucos ainda que para a alegria de muitos?
Apesar da presença de Bel Marques o Governo do Estado da Bahia quer levar ao povo soteropolitano, predominantemente negro e mulato, o carnaval "enbranquecido" promovido pela mídia.
Jorge Hori
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