Dilma e PT não conseguem falar a mesma língua
O governo já trata o suposto plano para 2016 como Novo PAC
07/01/2016 às 10:59 Ler na área do assinanteNo palco da política brasileira, atrás das cortinas, não cessam as articulações dos atores da peça de horror escrita, dirigida e protagonizada pelo partido do governo de turno.
O Partido dos Trabalhadores, insistente, não dá sinais de disposição de mudar o roteiro que espantado o público das bilheterias do teatro chamado Brasil.
A presidente, como sabido, é mulher de convicções fortes e não verga facilmente aos apelos e conselhos de Lula nem, tampouco, as críticas ácidas de Rui Falcão.
O governo tem feito grande esforço para aparecer no controle da situação, mas os fatos desmentem a sua atuação amadora e escancara que a peça não tem script provocando a saída dos poucos expectadores que ainda ocupavam algum lugar na plateia.
Ontem (06), o Ministro-chefe da Casa Civil Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o governo federal não tem “coelho na cartola” para solucionar a crise econômica neste ano.
Disse ainda: “Acho que tem uma expectativa de muita gente da política e de vocês da imprensa, que na minha opinião não será correspondida. Ficam perguntando quando sairá a grande notícia. Nós não estamos mais em tempo de pacotes, apesar de isso não estar a meus cuidados, e sim muito mais do Nelson (Barbosa) e do Waldir (Simão), da Fazenda e do Planejamento. É evidente que a Casa Civil participa, mas acho que não tem nada bombástico. Na verdade a gente tem consciência de que as coisas vão ser passo a passo, retomando a confiança do empresariado interna e externamente e recuperando a esperança das pessoas em mais empregos paulatinamente. Não tem coelho na cartola. A gente vai continuar buscando o equilíbrio macroeconômico e fiscal e abrindo trilhas para a retomada do crescimento.”
Chama a atenção o fato de que as palavras do ministro não se ajustam às afirmações mais recentes de que o Planalto estaria planejando o Novo PAC a ser apresentado ainda antes do final deste mês. O plano consistiria num pacote de medidas e propostas que ajudem a retomar o crescimento e animar a economia, sem abandonar o reajuste fiscal.
De outro lado, na terça-feira, o ex-presidente Lula reuniu-se com Dilma para a costumeira sessão de aconselhamento. Para Lula, Dilma tem de “vender o peixe” de seu governo enquanto a oposição hiberna no recesso. Para ele, o perigo do impeachment é passado, mas alertou: “está morto, mas não enterrado”.
Acompanhado do presidente nacional do partido, Rui Falcão, Lula advertiu a presidente de que ela deve viajar mais e falar ainda mais de todas as conquistas dos governos petistas, levando esperança ao povo de dias melhores no intuito de reconquistar a confiança dos eleitores que vão se afastando da sigla, especialmente, nas regiões onde o PT tinha garantida vitória em eleições passadas. O recado construído por Lula, do qual Dilma deve ser a mensageira é convencer a população de (o governo) precisa de um voto de confiança “por ter o que entregar”.
Para isso, Lula incentiva a presidente a dar entrevistas a todos os meios de comunicação dos lugares por onde passar levando a mensagem de otimismo e boas novas.
A principal preocupação do ex-presidente é reunificar a base aliada no Congresso o mais rápido possível a fim de exorcizar definitivamente o espectro do impeachment.
Segundo fontes próximas ao Planalto, a presidente não acredita numa guinada à esquerda nos rumos da economia e acha que “é possível fazer inflexões, sem nenhum cavalo de pau”.
A resistência de Dilma aos assédios de Lula e Rui Falcão não é novidade, mesmo assim, ambos cobraram da presidente o “anúncio de medidas concretas” (?) para injetar ânimo na população.
É de se perguntar: quais seriam essas medidas concretas? Coelho de cartola certamente não é.
JM Almeida
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JM Almeida
João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas.