11 de setembro, uma lição para não ser esquecida: Fechar os olhos ao terrorismo não o eliminará, como querem os avestruzes

05/01/2020 às 07:50 Ler na área do assinante

Exatamente no dia 10 de setembro de 2001, meu studio trabalhava exclusivamente para uma multinacional norte americana, uma das maiores do mundo.

Era meu maior cliente, e garantia a difusão de meu trabalho – brasileiro - pelo mundo e a sobrevivência de meus funcionários e de meu studio integralmente.

Na manhã do dia seguinte tudo isso mudou.

O atentado terrorista suicida promovido pela al-Qaeda que destruiu as Torres Gêmeas do World Trade Center, momento dramático na história da humanidade, deixaria um saldo de quase 3 mil mortos e mudaria para sempre a história do mundo.

E a de meu studio, como a de milhões de grandes ou pequenas empresas pelo mundo.

Tudo, repentinamente, se congelou.

Negócios, projetos, planos, futuro, grana...foi tudo pelo ralo.

Esse novo - e terrível cenário - duraria meses, e o mundo jamais voltou a ser o mesmo.

Muitos nunca se recuperaram desse choque.

Houve, a respeito dessa fase nebulosa, a especulação de que os serviços de inteligência norte americanos conheciam há muito os planos para ataques planejados aos EUA.

E apenas observaram, até ser tarde demais.

No domingo passado (29), aviões americanos F15 atacaram bases de grupos patrocinados pelo Irã no Iraque e na Síria.

Uma retaliação a uma série de ataques irananianos com foguetes que havia matado um empreiteiro norte americano dias antes.

O cérebro por trás dos ataques aos EUA era o comandante das Forças Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, o anti semita e assassino de judeus general Qassem Suleimani.

Na quinta-feira (02), o Pentágono confirmou ao mundo a morte do general iraniano durante um bombardeio no aeroporto de Bagdá.

Suleimani, um dos militares - e terroristas - mais poderosos do mundo, foi morto por um soldado da força aérea americana.

A ordem para o ataque foi dada pelo presidente Trump, após ser avisado por altos funcionários do Departamento de Estado de que o Irã planejava ‘ataques iminentes para matar centenas de americanos.’

Os alvos americanos eram militares e funcionários diplomáticos.

Mas, como é fartamente conhecido, as vítimas desses porcos atentados sempre acabam sendo civis, crianças, idosos…

Como os ataques iranianos logo após o Natal, que atingiram um posto americano em Kirkurk, Iraque, onde 30 mísseis iranianos lançados ferindo 3 soldados americanos, dois policiais federais iraquianos e matando um intérprete.

A tensão entre o Irã e os EUA já dura décadas, e Trump vinha suportando as provocações e agressões iranianas há meses.

Avisado por seus assessores de que a situação se aproximava de um ponto limite, depois do recuo americano em relação aos ataques iranianos a navios no Golfo, à destruição de um drone americano e ao ataque a uma refinaria saudita, Trump resolveu agir.

O que pesou e muito nessa decisão foi a incrível falha de Obama, em 2012, que não previu o ataque de militantes islâmicos à missão americana na Líbia, em Benghazai, quando foi assassinado o embaixador J. Christopher Stevens.

A falta de ação de Obama teve péssima repercussão no país e entre o povo norte americano.

A morte do general assassino certamente acirra a tensão mundial, mas dificilmente terá o poder de causar um conflito mundial de proporções inimagináveis, como esbravejam alguns profetas do apocalipse.

O terrorismo islâmico é um verdadeiro câncer no mundo, uma doença odiada.

Mas inevitável, infelizmente.

Observar apenas suas ações sem reagir não é solução para nada.

E leva, fatalmente, à tragédias como a do dia 11 de setembro de 2001.

Ninguém no mundo dito civilizado quer, evidentemente, um mundo assim.

Mas fechar os olhos à realidade não muda e jamais mudará esse cenário.

*Fonte: The Washington Post

Marco Angeli Full

https://www.marcoangeli.com.br

Artista plástico, publicitário e diretor de criação.

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