São Paulo, avenida Paulista: decadência e abandono
26/12/2015 às 19:48 Ler na área do assinanteA Avenida Paulista era o grande símbolo da cidade.
Com a emergência do populismo, assegurando o direito da Avenida a todos, ela acabou ficando sem ninguém.
No Natal estava com poucas luzes, sem gente, sem carro. Ela foi abandonada pelos paulistanos. E só seria o indicativo do início do fim.
Ela terá oportunidade de se recuperar na virada do ano. Mas muitos já desistiram. Tomaram o rumo das praias. Outros do interior. Na direção contrária, muita gente do interior vem comemorar a virada na segunda avenida mais famosa de São Paulo.
A primeira era a Av. São João, no centro da cidade. A esquina com a Av. Ipiranga foi cultuada pela música popular.
A decadência do centro, com a migração da elite para as cercanias da Av. Paulista, fez submergir aquela famosa esquina.
A Avenida Paulista, desde o início foi o grande polo urbano da elite paulistana. Principal via de um loteamento de luxo, ocupado pelas mansões dos barões de café, foi transformada no principal centro financeiro da cidade.
Os barões do café sucumbiram à industrialização e a indústria para marcar o seu espaço instalaram a sua principal associação no meio da avenida com uma pirâmide.
As mansões foram substituidas por altos prédios, ocupadas pelas sedes das grandes empresas e bancos. Passou por crises, mas se fixou como a principal referência da cidade.
O surgimento de novos polos empresariais e financeiros, nas regiões da Av. Luis Carlos Berrini, Av. Faria Lima, vem promovendo um gradual e lento esvaziamento da tradicional avenida.
Por outro lado ela tem sido tomada como o centro das manifestações populares, autorizadas e não autorizadas. Não há mais semana que ela não fique parada em função de alguma manifestação de rua, ou melhor de avenida.
A atual gestão da Prefeitura Municipal, sob a alegação de abrir a avenida a todos, construiu uma ciclovia no centro e proibe a circulação dos veículos motorizados nos domingos.
O povo quer usufruir do patrimônio e dos benefícios criados pela elite, com apoio dos Poderes Públicos. O que é justo, mas a dinâmica social é perversa. Com a chegada em massa do povo, a elite se afasta e vai abandonado o patrimônio. O povo ocupa mas não mantém, não conserva, não repõe e o patrimônio se deteriora. O uso muda.
Isso ocorreu no centro e está se repetindo na Avenida Paulista.
A falta de interesse do setor privado em financiar a decoração de Natal não decorre apenas da crise econômica. Essa influe, mas significa que para o setor privado investir na Av. Paulista deixou de ser prioritário.
A Avenida Paulista está sendo abandonada.
E a sua decadência é inexorável.
Jorge Hori
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Jorge Hori
Articulista