Moro à Folha: Folha divulgou mensagens roubadas com 'absoluto sensacionalismo'

Em entrevista ao próprio jornal, Moro declarou que talvez a Folha seja um 'soldado que marcha no passo errado'.

12/12/2019 às 10:56 Ler na área do assinante

Em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quinta-feira (12), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, respondeu sobre prisão em segunda instância, STF, percepções sobre o primeiro ano de governo, sobre sua popularidade, eleições de 2022, pacote anticrime, dentre outros temas.

Questionado sobre as supostas mensagens atribuídas a ele e demais autoridades do país, vazadas por hackers com seus parceiros do crime do site The Intercept, o ministro rebateu:

"A Folha não cansou dessa história?"

Com insistência, o jornal respondeu afirmando que seria a oportunidade para que Moro falasse na Folha sobre o assunto. Logo, Moro respondeu elegantemente, criticando o veículo de comunicação de forma sutil:

"Tem aquela história do soldado que estava marchando e o outro soldado que está marchando no passo errado. Talvez seja a Folha."

Em seguida, a reportagem sondou-o com uma questão sobre se não houve um "atropelo" nas funções de Moro como juiz na Lava Jato. Eis a exímia resposta:

"Vamos analisar os fatos específicos. A Lava Jato foi uma gigantesca investigação sobre casos de corrupção e lavagem de dinheiro. Envolveu pessoas muito poderosas, acusadas, condenadas, presas, cumprindo pena. Maiores empreiteiros do país, políticos poderosos, agentes da Petrobras que se envolveram em corrupção sistemática. A Polícia Federal fez trabalho de investigação, Ministério Público fazia seu trabalho e eu fazia o meu como juiz de primeira instância. Outros juízes fizeram também o seu trabalho (…). Não existe em uma análise objetiva a possibilidade de qualquer alegação de falta de imparcialidade prosperar. O que existe nesse caso são supostas mensagens obtidas por meios criminosos, autenticidade que não foi comprovada e uma divulgação, e aqui com todo o respeito à Folha de S. Paulo, com absoluto sensacionalismo. A ponto de eu fazer uma palestra, doar o dinheiro que recebi para caridade e a Folha me acusar de conduta imprópria nessa ocasião. Há uma distorção do conteúdo dessas supostas mensagens." - explicou o ministro.

Sempre embasado com argumentos, ponderação e ética, Sergio Moro sabe, como ninguém, como criticar sem perder a elegância.

da Redação
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