Quem sobreviverá?

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A crise brasileira é a crise do modelo de poder que havia se tornado hegemônico, na última década.

É agravada por outros elementos contributivos, mas a perda de vitalidade do conluio político- 'empreiteiros' para sustentar a dinâmica econômica é a fonte principal dos problemas.

Tendo conquistado o poder, já suportado pelo modelo de conluio e associado a outros grupos partidários do mesmo modelo, o PT organizou e consolidou esse modelo espúrio, mas macroeconomicamente eficaz. Pelo menos durante algum tempo.

A grande estratégia econômica foi o de investir fortemente na infraestrutura. Atacar uma carência histórica e cujo enfrentamento era reclamada e desejada por toda a sociedade brasileira.

Mesmo sem um planejamento consistente, aproveitando o que havia sido estudado anteriormente o Governo petista lançou um grande programa de investimentos: o PAC - Plano de Aceleração do Crescimento. Compreendendo gastos de bilhões de reais, a maior parte oriunda dos investimentos da Petrobras.

Como estratégia multiplicadora buscou-se internalizar ao máximo os recursos, promovendo o desenvolvimento da cadeia produtiva. O instrumento era a exigência de conteúdo nacional, conjugado com amplos programas de desenvolvimento de fornecedores nacionais.

Essa capa de um essencial programa de investimentos serviu para sistematizar e consolidar um imenso e extenso conluio com fornecedores aos órgãos e entidades estatais. 

De um lado e de outro foram formados 'clubes dos amigos' com vultosas joias para ingresso e manutenção das mensalidades.

Uma parcela do conjunto desses vultosos investimentos era destinado (ou desviado) para os caixas dos partidos e dos políticos, para sustentar a permanência do clube no poder e a continuidade do modelo. 

Em 2014 esse sistema já estava em decadência, em função das perdas de receitas das entidades estatais, mas em função das eleições não podia ser interrompido. Precisava ser acelerado e ampliado. De um lado, foi necessário aumentar as percentagens de desvios e de outro promover as 'pedaladas fiscais' para manter a continuidade dos fluxos de caixa.

O clube dos políticos conseguiu ganhar as eleições e se manter no poder, mas o clube dos fornecedores foi atacado e desmontado pela Operação Lava-Jato.

O desmonte desse clube que havia sido um dos principais motores do crescimento econômico nos anos anteriores, tirou do país a alternativa de reanimar a economia através dos investimentos em infraestrutura.

Do ponto de vista ético um grande avanço e muitas vitórias. Do ponto de vista econômico um desastre. A sociedade prefere a continuidade da limpeza ética, inaceitando os argumentos dos riscos da crise econômica. Até porque não aceita essa relação de causa-efeito.

Os setores de fornecimento às estatais terão que passar algum tempo cuidando apenas da sobrevivência, sendo que algumas das empresas não conseguirão sobreviver nessa marcha.

Do outro lado, o clube dos políticos, ainda não desmontado, mas sob risco iminente, também 'rachou', dentro das estratégias de sobrevivência. Alguns seguem no 'abraço dos afogados' e outros no 'antes ele do que eu'.

A crise política não é institucional, tampouco extensa. É uma crise dentro do clube. 

O recesso gera uma trégua nos confrontos. Durante esse período o que será tramado será um acordo de convivência para tentar manter o modelo. 

O problema está em 'combinar com os russos'. Esses estão na Procuradoria Geral da República e no Judiciário. 

O que antecede a discussão se haverá ou não impeachment da Presidente é saber quem estará no comando do andamento do processo?. 

Jorge Hori

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