Pelo visto não fui eu a única a não conseguir entender o voto proferido nesta quarta-feira (20) pelo Amigo do Amigo do Meu Pai (codinome de Dias Toffoli na planilha de propina da Odebrecht).
O que ele disse que deve ser feito é o que já é feito entre o UIF (ex-Coaf), a Receita Federal e o Banco Central com o Ministério Público.
Não há quebra de sigilo bancário, portanto proibir o compartilhamento de extratos bancários, como ele fez no voto, é inócuo. Os relatórios de inteligência financeira são feitos com dados globais.
O Ministro Barroso, ao sair do plenário teria comentado com outros ministros:
“Tem que trazer um professor de javanês”.
Todos já devem ter lido “O Homem Que Sabia Javanês”, um conto de Lima Barreto publicado pela primeira vez em 28 de abril de 1911, no jornal Gazeta da Tarde do Rio de Janeiro, posteriormente incluído na coletânea “O homem que sabia javanês e outros contos”.
“O Homem Que Sabia Javanês” é a história de como o personagem Castelo, um malandro desempregado e cheio de dívidas, finge saber javanês para conseguir um emprego.
Mesmo sem saber falar uma palavra de javanês, Castelo torna-se professor e tradutor dessa língua exótica e alcança fama e respeitabilidade. E com isso conseguir subir de vida e conseguiu entrar até para o serviço diplomático. Porque ninguém mais sabia javanês.
Será que Toffoli entendeu a derrubada fenomenal com inspiração literária de que foi alvo do Ministro Barroso? Será que Toffoli algum dia leu Lima Barreto? Que por sinal escreveu também “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”.
Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881. Era filho de João Henriques de Lima Barreto (por sua vez filho de uma antiga escrava e de um madeireiro português), e de Amália Augusta, filha de escrava e agregada da família Pereira Carvalho. Descendia de escravos, assim como seu conterrâneo Machado de Assis.
Dia emblemático para nascer, pois o Dia da Abolição da Escravatura é celebrado em 13 de maio no Brasil, uma homenagem à Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. A Princesa Isabel é ancestral do Príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança, deputado federal do partido do Presidente Bolsonaro. Aliás, ex-partido. Agora é Aliança Pelo Brasil.
Lucia Sweet
Jornalista