Moro insurge-se contra ilações de matéria da Folha
20/11/2019 às 16:49 Ler na área do assinanteOs jornais Folha de S. Paulo e o Globo publicaram nesta terça-feira, 19, uma matéria de Elio Gaspari levantando dúvidas sobre a imparcialidade e a atuação do então juiz Sérgio Moro.
O texto intitulado "O Mistério do Convite a Moro" tem como ponto central a ideia de que Moro teria levantado o sigilo de partes da delação do ex-ministro Antonio Palocci com o objetivo de prejudicar a campanha de Fernando Haddad (PT). Segundo insinua, Moro teria aceitado ser ministro de Bolsonaro e, por tanto, estaria agindo para garantir a eleição do então candidato do PSL.
"Doze dias depois do primeiro turno e 11 dias antes do segundo, a revista eletrônica Crusoé informou: “Sergio Moro aceitou ser ministro do governo Jair Bolsonaro”. No dia seguinte circulou a notícia de que Moro aceitaria ser nomeado para o Supremo Tribunal Federal. Mais tarde, o doutor revelaria que no dia 23 de outubro (cinco dias antes do segundo turno) foi sondado por Paulo Guedes para entrar no governo.", diz o texto.
O texto, entretanto, omite o fato de que o levantamento de sigilo realizado por Moro se deu em 1 de outubro de 2018, 22 dias antes da sondagem feita por Guedes e confirmada por Moro. Já a mencionada matéria da Revista Crusoé não pode ser encontrada, o que pode indicar que foi excluída - talvez por erro editorial - ou que Gaspari se equivocou ao mencioná-la. Além disso, não há confirmação sobre os boatos de que houveram mais conversas entre o Guedes e Moro durante a campanha, além de tais boatos serem veementemente negados por Moro.
Em nota, o ministro da Justiça classificou as alegações como "insinuações, sem nenhuma base, sobre a sua atuação isenta como juiz".
“Em relação à coluna ‘O mistério do convite a Moro’ do jornalista Elio Gaspari, o Ministro da Justiça e Segurança Pública esclarece, mais uma vez, que, na semana anterior ao segundo turno das eleições de 2018, foi sondado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a possibilidade de ser convidado para compor o governo, caso fosse eleito o então candidato Jair Bolsonaro e que, somente após o resultado do segundo turno, recebeu o convite oficial do então Presidente eleito. O ministro Sergio Moro reitera que, até então, não havia nenhum relacionamento ou quaisquer tratativas com Jair Bolsonaro ou Paulo Guedes. E que, portanto, repudia insinuações, sem nenhuma base, sobre a sua atuação isenta como juiz”, diz Moro na nota.