“Verborragia racista é a apologia à cultura da morte feita por David Miranda”, diz Sandra Terena em defesa de Damares
18/11/2019 às 15:47 Ler na área do assinanteA declaração do deputado federal David Miranda de que seria “verborragia racista” a interferência em rituais indígenas de infanticídio defendida por Damares, em que crianças filhas de mãe solteira, deficientes e gêmeos são mortas, algumas vezes enterradas vivas, foi classificada como irresponsável pela Secretária Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Sandra Terena.
Ela é autora do documentário Quebrando o Silêncio, um dos materiais de pesquisa mais importantes no país sobre a temática. Foram três anos intensos de pesquisa em diversas aldeias indígenas do Brasil e mais de 80 horas de gravação que resultou no filme que rendeu à Secretária o Prêmio Internacional Jovem da Paz em 2009.
Em sua pesquisa, Sandra Terena descobriu que muitos indígenas querem deixar a prática, mas são incentivados por antropólogos relativistas e políticos, como David Miranda, a manter a prática, os deixando em uma espécie de zoo humano, em que a existência de sofrimento destas comunidades pouco importa para quem apresenta o discurso de ódio, e que de longe os representa.
“Verborragia racista é a apologia à cultura da morte feita por David Miranda, que prestou um desserviço à sociedade brasileira e aos 305 povos indígenas que vivem no Brasil. Ele ignorou o clamor e o choro abafado de crianças que estavam condenadas à morte. Antes de emitir sua opinião ele deveria buscar conhecimento sobre a causa, o que não se aplica a esse sujeito. Se ele tiver o mínimo de sensibilidade deveria pedir perdão a ministra e as centenas de crianças que foram salvas do infanticídio nas últimas duas décadas pelo trabalho incansável de Damares. Neste caso, quem foi racista foi David Miranda que se dependesse de sua fala sentenciaria nossas crianças à morte, mas nós não vamos deixar”, disse Sandra Terena.
O deputado do PSOL, vilipendiou o principal item dos direitos humanos, que é o direito à vida atropelando o artigo 3º da Declaração Universal dos Direitos Humanos que ressalta que todo o ser humano tem direito a vida, a Constituição Brasileira, a Convenção dos Direitos da Criança, a Convenção dos Direitos da Mulher, a Convenção da pessoa com deficiência, o Pacto de São José da Costa Rica, o qual o Brasil é signatário e também a Convenção 169 da OIT, que dispõe de forma clara que os povos indígenas poderão manter e preservar sua cultura, desde que não haja práticas nocivas contra a vida.
Kanhú Haka Kamayurá é uma sobrevivente do infanticídio. Ela estava condenada a morte por sofrer de uma doença degenerativa. Foi salva e hoje ao invés de estar em um túmulo, ocupa um cargo na Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, comandada por Sandra Terena. “Enquanto David Miranda, Maria do Rosário e deputados que defendem a cultura da morte nós vamos defender a cultura da vida e a cultura da honra. Eles podem falar mil vezes, mas nós falaremos duas mil. Não há mais espaço para perseguição de nossas crianças, Bolsonaro é presidente do Brasil e Damares Alves é a ministra dos Direitos Humanos”, disse Sandra Terena.