7 de novembro de 2019, oficializa-se a cleptocracia no Brasil

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Guarde-se esta data: 07 de novembro de 2019. Ela representa o dia da criação - sempre tão ansiada por Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio de Mello, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello, com a colaboração decisiva de Rosa Weber – do Estado Cleptocrático de Direito (ECD).

Guardem também estes cinco nomes - Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello, e Rosa Weber. Estes são os seis criadores do ECD, turma já batizada por J. R. Guzzo como “Facção–Pró- Crime” do STF.

Esta turma será execrada na História do Brasil, bem mais do que o é Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da Independência do Brasil. Silvério dos Reis traiu os inconfidentes. Este bando togado em gabinetes presidenciais suspeitos (quando não corruptos) traiu o Brasil no que deveriam ser suas mais sagradas características: a decência pública e a ilibada reputação do Judiciário do Brasil.

A criação do ECD pelo STF garante aos criminosos de alto coturno - também chamados de colarinho branco - a base jurídica da IMPUNIDADE COM TRANQUILIDADE, necessária para melhor delinquirem e espoliarem o povo trabalhador, com a certeza de que não serão presos até as calendas gregas*, com possibilidade real e bastante provável de prescrição de seus crimes.

Com a criação do ECD pela Facção-Pró-Crime do STF, fica praticamente inoperante a Lava Jato. A Lava Jato só se tornou capaz de deslindar os grandes e complexos esquemas de corrupção graças ao mecanismo da “Delação Premiada”. O corrupto, ao perceber a aproximação da condenação em segunda instância – e, consequentemente, da cadeia – abria o bico e falava tudo, deslindava o mega-esquema de corrupção de que se servia. Sem esse mecanismo, a Lava Jato não avançaria nas investigações; teria continuado patinando feito barata tonta.

Agora, com a prisão lançada para as calendas gregas, não existe mais razão para o corrupto abrir o bico e confessar o esquema de que se serviu. A Lava Jato, então, definhará. Sofrem o Brasil e os brasileiros decentes que se veem desamparados ante a impunidade dos piores criminosos.

Os efeitos daninhos daquela farsa perpetrada pela Facção–Pró–Crime já se fazem sentir até na economia.

Enquanto escrevo, me chega a notícia de que, com a soltura de Lula, às 16h54 (horário de Brasília) o Ibovespa caía 2,04% e o dólar comercial avançava 1,73% chegando a R$ 4,1632 na compra e a R$ 4,1642 na venda. O dólar futuro, com vencimento em dezembro, subia 1,57% a R$ 4,168. Eis aí uma amostra do dano – o menor dos danos, diga-se – que esta Facção-Pró-Crime inflige ao Brasil.

O único consolo - se é que se pode chamar isso de consolo - é que esses ministros, esses membros da Facção-Pró-Crime, feitos juízes a bico de pena em gabinetes presidenciais suspeitos – quando não comprovadamente corruptos – não terão vida fácil ao deixarem a toga imunda que ostentam, com a próxima aposentadoria compulsória.

Não poderão aparecer livremente em um evento público, não poderão usar transporte público, terão praticamente que viver reclusos, ou com um aparato de segurança constrangedor, se é que terão direito a tal aparato.

O POVO QUE OS DESPREZA E OS ODEIA NÃO OS DEIXARÃO EM PAZ.

Provavelmente eles já pensam em se mudar para outro país, o que se tornou fácil com as polpudas economias que acumularam ao longo da sinecura que receberam de presidentes amigos.

Sete de Novembro de 2019 deverá ficar conhecida como o dia em que se oficializou a cleptocracia no Brasil.

* As calendas, no antigo calendário romano, representavam o primeiro dia de cada mês, quando ocorria a Lua nova. Eram (são) raríssimas as calendas romanas. Não havia o termo “calendas” no calendário grego. Quando os romanos ironicamente falavam das “calendas gregas”, queriam referir-se a uma data que não existia. É nesse sentido que usei a expressão “calendas gregas” no meu texto.

Foto de José J. de Espíndola

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

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