O problema do Foro de São Paulo é que muita gente levou tempo demais para admitir que ele existia (Veja o vídeo)
01/11/2019 às 20:45 Ler na área do assinanteEm entrevista exclusiva por telefone à TV Jornal da Cidade Online, o professor Carlos Ardissone, doutor em Relações Internacionais, destrinchou os objetivos do Foro de São Paulo e como as intenções do grupo influenciam a geopolítica e a economia do continente:
Foro de São Paulo: o centro de inteligência da esquerda
“O grande problema do Foro de São Paulo é que muita gente levou tempo demais para levá-lo a sério, para admitir sequer que ele existia. A lógica de atuação das esquerdas sempre priorizou a solidariedade transnacional. Muito antes do que pensar em fronteiras, em matéria de soberania nacional, a lógica de atuação das esquerdas sempre foi no sentido de formar grandes redes de solidariedade internacional, já que o pensamento delas privilegia a luta de classes antes de qualquer coisa. O Foro de São Paulo é como um centro de inteligência para as operações e movimentos da esquerda latino-americana, não há a menor dúvida disso”.
Porque o presidente da Argentina pediu Lula Livre
De acordo com o professor, a Argentina volta a suas raízes, com o caudilhismo e o populismo peronista. “Essas forças nunca deixam de estar em evidência, pela simples da razão de que o imediatismo trabalha a favor do populismo sempre. As medidas duras que deveriam ter sido adotadas pelo governo Macri não foram adotadas com a profundidade e dentro do receituário que era recomendado, e isso levou ao retorno da esquerda ao poder na Argentina”.
“A esquerda tem toda uma preocupação, talvez até mais acentuada do que dentro das forças ditas liberais, de uma aliança de grande solidariedade internacional. Por isso que se viu essa atitude do presidente Alberto Fernandez, da Argentina, de fazer sinais de Lula Livre e visitar o próprio Lula em Curitiba. Isso tudo vai ao encontro de atender as expectativas dos eleitores, daqueles que seguem essas forças políticas, obviamente foi uma jogada de marketing eleitoral, que claramente denota falta de uma postura condizente com a de um estadista. O que ele demonstrou foi um claro desapreço pelas instituições brasileiras, porque, apesar de toda a campanha em contrário, todo o processo em relação ao ex-presidente Lula vem seguindo o rito processual”.
Política externa brasileira
Para o professor, a postura adotada pelo governo atual está tornando possível a realização de vários acordos internacionais.
“O que a diplomacia brasileira tem feito é a combinação de uma retórica afirmativa, de uma retórica contundente no campo político cultural, atendendo justamente os anseios de quem elegeu o atual governo, com um pragmatismo comercial. O Brasil não está enviesando sua diplomacia, como ocorria nos governos anteriores, especialmente do PT, que privilegiava muito apenas aquela lógica de cooperação Sul – Sul. O governo vem tentando ampliar ao máximo as nossas relações comerciais, e isso só tem a beneficiar o país”.
Brasil, gigante das Américas
Para o especialista, o que vai acontecer na América Latina nos próximos anos vai depender justamente do que ocorrerá com o Brasil.
“Confirmando-se os efeitos benignos do sucesso da nossa política econômica e várias medidas importantes que já vem sendo adotadas, medidas mais liberalizantes no que diz respeito à desburocratização da economia, reforma da Previdência... Muito do que ocorrerá no continente dependerá dos rumos que a política econômica brasileira vai tomar no que estamos vivendo e nos anos seguintes”.
Confira a entrevista: