
Augusto Aras se manifesta: "Não há nada do presidente, a não ser a qualidade de ser vítima de um factóide"
30/10/2019 às 15:44 Ler na área do assinante
O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse em entrevista para O Globo que não vê elementos de envolvimento do presidente Jair Bolsonaro no assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco e que “em princípio, não há nada do presidente, a não ser a qualidade de ser vítima de um factoide”.
— Não vejo (envolvimento do presidente) porque os elementos que estou em mãos comprovam duas coisas: que ele (Bolsonaro) não estava no Rio naquele dia, estava na dependência da Câmara Federal, e na audição do texto do porteiro não há elemento, no dia do evento, que se refere ao presidente — disse o PGR. Aras afirmou que ele próprio ainda não ouviu a gravação, mas que sua equipe já ouviu o áudio e o comunicou sobre essa informação.
O procurador-geral da República também confirmou que recebeu a representação enviada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, para instaurar um inquérito para investigar o depoimento do porteiro do condomínio do presidente Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca.
— Em princípio, o presidente é vítima, e como tal, a investigação será encaminhada para a Procuradoria da República do Rio, para que junto com a PF do Rio, proceda as investigações. Essas investigações só ficariam no Supremo Tribunal Federal (STF) e na PGR se, por ventura, o presidente fosse indiciado, réu, ou tivesse em algum envolvimento. Em princípio, não há nada do presidente, a não ser a qualidade de ser vítima de um factóide. — disse.
Para o procurador-geral da República, neste momento, os crimes que devem ser apurados são o de falso testemunho e de denunciação caluniosa. Aras também disse que determinou que sua assessoria ouça áudios da portaria do condomínio de Bolsonaro gravados nos dias que sucederam o fato.