A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las. Santo Agostinho
Vivemos um momento de apagão ético na política e na gestão da coisa pública. Baixemos nosso olhar para a situação concreta de Campo Grande (MS).
É um dever moral a indignação diante desse quadro.
Por outro lado, é preciso ter coragem cívica para lutar contra forças poderosas que tentam manter essa situação. Só não entende essa responsabilidade os desinformados, os covardes e os beneficiários diretos e pensionistas desse poder corrupto. Esse é o jogo do momento, no qual a sociedade tem tudo para ganhar. As tripas do monstro da corrupção estão expostas cobertas de vermes, graças a um novo momento em que vive a Justiça no país.
Ainda assim, existe uma manifesta intenção de nos roubarem qualquer réstia de esperança. Querem nos fazer acreditar que nunca vai mudar essa regra do jogo perverso no qual se transformou a política. Querem nos submeter pela alienação, ou pelo medo, aos poderosos beneficiários desse reinado de impunidade.
É o caso da pretensão de esmagarem uma rebelde, a vereadora Luiza Ribeiro. Tentaram desmoralizá-la por fazer, supostamente, denuncias sem provas, quando apenas relatou, como testemunha convocada pelo Ministério Público o que o povo fala em todas as esquinas. Ora, será que queriam que ela dissesse que nunca tinha ouvido falar de corrupção na gestão pública de Campo Grande? Seu depoimento foi um imperativo ético da sua responsabilidade de representação. Cabe ao Ministério Publico levantar as provas, que estão sendo fartamente documentadas e que, em pouco tempo, tomaremos conhecimento.
Na verdade, o posicionamento da vereadora, desde o início do seu mandato, mexeu na colmeia dos que sobrevivem da moagem espúria dos interesses da baixa política. Por isso querem destruí-la, precisam de uma punição exemplar para manter, pelo medo, a política que combina mediocridade com interesses menores, no jogo de faz de conta da representação popular. Por isso clamam por sangue, por punição exemplar que possa criar símbolos que causem medo e acomodação aos que sonham com mudanças na política.
Atualmente a vereadora Luiza Ribeiro está para ser pregada na cruz da Comissão de Ética na má companhia de nove vereadores que o Ministério Público apontou como suspeitos de participarem de esquema de compra de votos que cassaram o prefeito Bernal. Não é de todo estranho que só Luiza seja condenada e os outros sejam protegidos pelo corporativismo. A acusadora virar réu não é coisa estranha na realidade brasileira, por mais repugnante que seja essa situação.
Por traz disso tudo, a ação dos grupos poderosos que tem dominado a política em Campo Grande, nos últimos anos. Porque esses gigantes da política, como todo o seu exército de seguidores, temem Luiza Ribeiro? Afinal a desigualdade da força é a mesma de um elefante, diante de uma formiguinha, de um Golias diante de Davi. A resposta é única, uma vendetta exemplar para desacreditar a possibilidade de uma política baseada no bem comum e na motivação republicana. Querem esmagar a coragem dos que sonham com um mundo melhor.
Nessa luta desigual a vereadora Luiza tem só uma pedrinha na funda. Mas essa pedra é de uma densidade neutrônica. Concentra a indignação da população, que ela tão bem representa, combinada com a esperança das pessoas que querem dignidade na política desta cidade.
Fausto Matto Grosso
Engenheiro e professor aposentado da UFMS
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da Redação