Delcídio negocia delação. Lula treme. Dilma mantém 'silêncio sepulcral'

A situação do senador Delcídio do Amaral começa a ser delineada. Este sim é um 'homem bomba' e pode fazer o governo, já moribundo, desabar por completo.

A presidente Dilma até o momento sequer se manifestou sobre o caso. É inconcebível que num governo que tenha o seu líder preso, o chefe do governo não toque no assunto, não o defenda ou, que seja, não reprove sua atitude.

Dilma está quieta, acuada, aguardando o que está por vir, para só então ver o que vai fazer. Ela não pode brigar com Delcídio, nem tampouco se desvincular do que ele fez.

Dilma está com medo, Lula também. Dilma fechou a boca. Lula, mais desbocado, indignado com o vacilo do senador, inventou de num evento público chamar Delcídio de 'imbecil'. Foi flagrado e o fato noticiado. O instituto Lula, numa nota bizarra, desmentiu o fato. Delcídio ficou sabendo e durante sua oitiva na Polícia Federal teve um surro nervoso, chorou e gritou (veja aqui).

Delcídio sabe muito, bem articulado, inteligente, participou de muita coisa ao lado de Lula. Despachava com Dilma, era o seu líder, um homem de confiança.

Foi ele quem ajudou Lula a garantir o silêncio de Marcos Valério, o 'carequinha' do mensalão. Foi ele quem vinha conduzindo as coisas, no sentindo de Dilma sair ilesa na questão da compra de Pasadena. As conversas com Bernardo Cerveró faziam parte deste contexto. Dilma possivelmente tinha conhecimento dessas negociações. Há quem diga que foi dela o pedido para que Delcídio cuidasse pessoalmente deste caso. Dai o seu silêncio sepulcral.

E agora? O que vai acontecer? Imprevisível, mas uma coisa é certa. Delcídio só tem o caminho da delação.

O abandono do partido já está evidenciado. A nota petista divulgada pelo presidente Ruy Falcão, com duras críticas ao senador, além de desumana, contradiz todo o discurso utilizado na defesa de Dirceu, Vaccari, Genoíno e cia, que sempre foi firme em dizer que todos têm o direito de se defender.

Edmundo Zanatta

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