A “demonização” das "festas de peão": Um crime contra a cultura brasileira

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O decreto de Bolsonaro, sobre o rodeio, pra mim, foi uma satisfação pessoal.

Pouca gente sabe que eu cresci em cima de um cavalo e conheço profundamente os bastidores do rodeio, inclusive como competidor.

Passei anos nesse meio e digo: O que fizeram com as "festas de peão", nos últimos anos, foi CRIMINOSO. Um atentado contra a cultura brasileira.

Antes que venham me falar bobagem sobre maus-tratos, vou contar que já passei tarde sentado no canto de uma baia, vendo se tudo estava bem com um animal recém castrado e chorei igual criança (depois de homem feito) pela morte de um cavalo.

JAMAIS defenderia um esporte que causasse sofrimento.

Se você acredita em discurso de artista/ativista, que o mais perto que chegou de um boi foi no Globo Rural, de que “amarram os testículos” dos touros, para que eles pulem, sugiro que amarre os seus e tente pular. Se conseguir, retomamos a conversa.

A perseguição ao rodeio não tem absolutamente nada a ver com “bem-estar animal”. Os animais atletas são mais bem tratados do que muita gente. Touros de rodeio e cavalos de provas chegam a valer dezenas ou centenas de milhares de reais. Imaginar que os tropeiros/competidores permitiriam qualquer lesão em um desses animais, beira o absurdo.

Lembro de uma entrevista que li, com o Sérgio Reis, na extinta revista "Rodeo Country", lá no comecinho dos anos 2000, quando estávamos deslumbrados com a chegada do novo milênio. Nela, ele dizia que a música sertaneja nunca acabaria. Se não acabou nem com os Beatles, não acabava mais. Porque o Brasil é sertanejo em sua essência.

Essa foi a melhor definição que eu já vi sobre nosso país. O BRASIL É SERTANEJO EM SUA ESSÊNCIA.

"Serjão" provou que estava certo. Poucos anos depois, em meados de 2005, o estilo “universitário” começou a ganhar força e hoje, mais do que nunca, o sertanejo domina o showbiz nacional.

Somos o maior produtor agrícola do planeta. Alimentamos, sozinhos, 1/4 da população mundial. Nosso rebanho bovino supera os 200 milhões de cabeças. Mais que o dobro do americano. Temos, em nosso país, o maior rodeio do mundo: A Festa de Peão de Barretos.

A título de comparação, o maior rodeio dos EUA, a "National Finals Rodeo", em Las Vegas, que reúne os 15 melhores peões de touro do mundo, tem um público de 20.000 pessoas. Em barretos são 45.000, só na arena. O Parque do Peão chega a receber, em um dia, 100 MIL visitantes.

Nosso país tem as raízes no campo. Até nossas comidas, em grande parte, são originárias da lida nas fazendas. O fogo de chão, o feijão-tropeiro, a farofa de carne, a canjiquinha... Todas vieram do tropeirismo, da necessidade de alimentos não perecíveis, que não exigissem muitos utensílios e dessem sustento para as longas viagens transportando gado.

A “demonização” das "festas de peão", então, não é nada além de uma tentativa hedionda de apagar a história do nosso país e tirar nossa identidade, aplaudida pela “elite pensante”, criada no ar-condicionado, que jura que seus alimentos crescem nas prateleiras de supermercado e considera o homem do campo um ignorante, que não merece voz nem vez.

Com esse decreto, Bolsonaro mostrou que valoriza a história e a cultura daqueles que, verdadeiramente, movem o nosso Brasil.

Meus parabéns, presidente. E muito obrigado!

"Um povo sem memória é um povo sem futuro" (Ditado popular espanhol)
Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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