O aparelhamento e sucursal de notícias do ANDES-SN nas universidades federais

16/08/2019 às 20:35 Ler na área do assinante

Este texto adiciona informações sobre o aparelhamento, pelas esquerdas, das universidades federais brasileiras. O aparelhamento se dá em todos os níveis da administração, desde os Departamentos, Unidades Departamentais (conjunto de Departamentos com alguma afinidade programática, também chamados Centros) até o topo, representado pelos chamados órgãos centrais, aí incluindo-se as reitorias e seus titulares.

A ponta de lança deste aparelhamento é o sindicato nacional de docentes, o famigerado ANDES-SN, uma organização sindical de esquerda radical abarcando várias associações de docentes de universidades federais que a ele prestam vassalagem, pagam vultosas quantias mensais em dinheiro e seguem em uníssono suas programações (isso mesmo, “programações”) anuais de greves e outros atos hostis aos governos centrais da República.

Para se ter uma ideia do caráter radical e retrógrado daquele sindicato nacional, basta dizer que ele é afiliado à mais jurássica central sindical do Brasil, a CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular - Conlutas – instituição que congrega pérolas do atraso político como PSTU, MST e, não podia faltar, o Sindicado Nacional dos Docentes – ANDES-SN – o símbolo maior da vergonha dos docentes dignos deste nome no Brasil.

É propósito declarado do ANDES-SN, aprovado em um congresso realizado em Pelotas (RS):

“Lutar pela apropriação do capital, pela privatização dos bancos e pela construção de um governo socialista dos trabalhadores” entre outras pérolas do atraso jurássico.

Foi por isso que algumas associações de docentes de universidades federais lutaram ferrenhamente na Justiça para se livrar da ditadura jurássica do ANDES-SN e transformarem-se, elas próprias, em sindicatos locais. Este foi o caso da UFSC e de mais seis ou sete universidades federais. Na UFSC – como em outras universidades - foi criado um sindicato apolítico, moderno, preocupado apenas com os interesses corporativos legítimos dos docentes a ele filiados, o APUFSC-Sindical.

Mas, nas últimas eleições para a diretoria do APUFSC-Sindical, aconteceu algo deplorável. Não houve interesse, entre os sindicalizados democráticos, em formar uma chapa. Um grupo de saudosistas dissimulados do ANDES-SN, não perdeu tempo e registrou uma chapa única e com ela assumiu a Diretoria do APUFSC-Sindical, sindicato construído a dura penas fora da esfera perniciosa do ANDES-SN.

Foi eleita, a atual diretoria, com uma votação pífia: 586 votos de 2663 sindicalizados aptos a votar. Uma eleição com 22% de representação, pode até ser legal, mas está longe de ser legítima. Pois esta diretoria ilegítima está fazendo de tudo para recolocar o APUSFSC-Sindical nos braços paleontológicos do sindicato dos horrores, o ANDES-SN. O aparelhamento da administração central da UFSC é o sintoma mais ameno. Querem mesmo é transformar o APUFSC-sindical em braço aliado ao que existe de pior no Brasil em termos de atraso político.

Jamais se conseguiu, na UFSC e mesmo nas outras universidades que criaram seus próprios sindicatos, acabar com o aparelhamento do ANDES-SN junto aos órgãos setoriais e centrais das universidades, já que o processo de eleição dos reitores – eleição paritária entre docentes, servidores não docentes e alunos – favorece definitivamente candidaturas de esquerda, de preferência candidaturas comunistas. E esses dirigentes centrais, escolhidos desta forma eleitoral – um processo que não tem similar no mundo desenvolvido, onde as escolhas são feitas no mercado internacional de competência acadêmica – são evidentemente gratos aos militantes de esquerda (alunos, servidores e alguns docentes), organizados pelo ANDES-SN, mesmo em instituições onde este sindicato não pode operar, de Direito. Esta a razão pela qual, mesmo nestas instituições onde o ANDES-SN foi varrido pelos verdadeiros docentes, em processo judicial, este sindicato do atraso ainda aparelha as administrações centrais. E tanto aparelha, que as administrações centrais sempre apoiam, ostensiva ou tacitamente (ou melhor, dissimuladamente), os movimentos paredistas de estudantes (em geral das áreas de humanidades), servidores e docentes por quaisquer motivos, em geral motivos falsos. Isto tem ocorrido por décadas.

Não foi diferente nesta greve do dia 13 de agosto, deflagrada pela UNE – hoje uma instituição pelega e absolutamente irrelevante – mas assumida e organizada entusiasticamente pelo sindicato de esquerda radical, politicamente paleontológico, o ANDES-SN.

Feitos esses prolegômenos históricos, para situar o leitor, apresento abaixo texto que publiquei nas listas de discussão da UFSC. Embora a referência seja a UFSC, pode-se trocar a sigla e colocar, no lugar, outra de universidade federal qualquer. ‘Mutatis mutandis’ (isto é, como diria Cícero, mudando-se o que deve ser mudado) o texto vale para todas as universidades federais brasileiras. Uma tragédia que o atual governo não pode perder a oportunidade de reformar profundamente, se quisermos ter, a médio prazo, um sistema universitário de qualidade científica e tecnológica capaz de garantir o acesso do Brasil ao conjunto das nações desenvolvidas e civilizadas.

Eis o texto publicado nas listas da UFSC:

No site https://noticias.ufsc.br/2019/08/professores-da-ufsc-aderem-a-paralisacao-em-defesa-da-educacao-do-d... do noticiário da UFSC que, ao que parece, tornou-se, nos últimos reitorados, uma sucursal de notícias do Sindicato de Horrores – o ANDES-SN – leio (os destaques são meus):

“Maioria expressiva dos 758 participantes da Assembleia Geral Extraordinária da Apufsc-Sindical aprovou, em votação eletrônica, adesão à paralisação nacional da Educação nesta terça-feira, dia 13. O quórum mínimo para validar a Assembleia, de 25% dos filiados em dia, era de 680 votantes. Votaram 27,89 % dos que estavam aptos. 524 (69,14%) professores optaram pela adesão à paralisação, 218 (28,75%) foram contra e 16 (2,11%) votaram em branco. ”

A informação é uma falácia e, como falácia, falsa sob quaisquer ângulos que se a observe.

Basta ver que a greve foi anunciada (aliás, é sempre assim) como sendo “dos professores da UFSC” e não apenas dos sindicalizados do APUFSC-Sindical.

Ora, a UFSC tem cerca de 2500 professores não aposentados. (Não conto os aposentados porque greve de aposentados é coisa surreal, embora saiba que entre os que votaram pela greve, muitos - se não a maioria - são aposentados.)

Mas, ignorando o fato de que muitos dos votantes são, de fato, aposentados – isto é, aceitando uma mentira grosseira como verdade – uma parcela pífia de 524 ditos docentes decretou a parada de 2500 professores. (A greve foi “da UFSC”, como dizem os líderes grevistas, e não do sindicato, repito.) Esses 524 votos (muitos dos quais são de aposentados, repito) representam meros 21% do total de professores ativos (apenas um, em cada quase cinco professores, votou pela greve!). É a isto que a sucursal de notícias do ANDES-SN na UFSC chama de “maioria expressiva”.

Expressiva mesma é a empulhação desta sucursal andesiana de notícias mantida a dinheiro dos contribuintes. Um sindicato privado tem uma sucursal de notícias na UFSC, mantida pelos impostos de todos os brasileiros. Uma vergonha!

Desafio a diretoria andesiana que tomou de assalto o APUFSC –Sindical a informar, publicamente, quantos daqueles minguados 524 votos pela greve eram de aposentados. Desafio, embora sabendo, desde já, que tal informação jamais será compartilhada ao público.

Esta empulhação estatística é característica marcante da ‘democratitica andesiana’, que, no passado, quando ainda éramos súditos do Sindicato dos Horrores, o ANDES-SN, decretava greves “democráticas” de “todos” os docentes com 10, 12 esquerdopatas presentes em Assembleia, um ou outro também aposentado. E, depois, a tal diretoria do atraso convocava a imprensa para informar que “os docentes da UFSC” haviam decido entrar em greve. Um farsa nojenta!

A empulhação andesiana e a falta de caráter de seus líderes é antiga e uma marca registrada daquele Sindicato dos Horrores que hoje se transfere, em parte, para o APUFSC-Sindical e para a sucursal andesiana de notícias instalada na UFSC.

Mas, nada como um dia após o outro. A esquerdalha nacional – da qual o estamento universitário das humanidades (as áreas profissionalizantes são bem mais sérias, com suas poucas exceções, felizmente) é parte relevante, sempre foi é e será barulhenta. Faz um alarido danado antes de uma manifestação, dando a impressão, aos menos desavisados, de que o fim da democracia (real) está próximo e que a “construção de um governo socialista dos trabalhadores, com o sequestro do capital e privatização dos bancos” – como prega o sindicato jurássico ANDES-SN – está em vias de ocorrer. É só procurar, na internet, as manifestações e notas públicas deste sindicato do atraso.

A CUT, central petista e queridinha da atual presidência do APUFSC-Sindical, também fez barulho, como na manchete abaixo:

13 de Agosto (sic), Dia Nacional de Luta da CUT será maior ainda, diz Vagner Freitas

(Vagner Freitas é presidente da CUT, uma central jurássica)

Todo este alarido, todo este barulho, todo este foguetório, ocorre sempre antes da manifestação. Depois da manifestação, ante o fracasso (agora sim!) retumbante do movimento, tem-se o silêncio ensurdecedor das esquerdas jurássicas. Foi assim no movimento paredista anterior, que comentei no artigo no seguinte link:

https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/14598/a-tempestade-em-copo-dagua-da-esquerdalha-nac...

Está sendo assim após a greve do dia 13 de agosto. Esta ninguém viu, ninguém notou. Nem um comentário sobre o “sucesso” deste movimento nas listas da UFSC. Fracasso absoluto! Como disse Augusto Nunes, ameaçaram o Brasil com um tsunami e conseguiram apenas uma marola imperceptível. O Brasil mudou e a esquerda jurássica não percebeu.

Mas que ninguém se surpreenda se a sucursal de notícias do ANDES-SN na UFSC ainda vier a aparecer anunciando que o movimento paredista das esquerdas jurássicas teve uma “manifestação expressiva”.

Post scriptum: Aínda Sobre o “sucesso” do movimento de 13 de agosto, assista-se ao seguinte vídeo de José Nêumanne:

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

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