Comandante Moisés e o frustrante início de gestão em SC: equívocos e decepções
15/08/2019 às 06:20 Ler na área do assinanteDoce ilusão.
Votei no governador Carlos Moisés da Silva. Era a melhor e única opção. Tinha esperanças de encerrar um ciclo nauseabundo e vicioso, que compunha uma estrutura política que atuava nas entranhas de Santa Catarina há mais de 5 décadas. Dia a dia, venho colhendo decepções.
Primeiro, o deslumbramento de ocupar o palácio. Depois, o assentamento dos amigos de farda, do compadrio corporativo e político nos cargos do governo. Por fim, uma ausência absoluta da figura do líder.
O governador teve uma única passagem meteórica por Blumenau/SC ao longo de 8 meses de exercício de poder (13/03/19). Já bateu o recorde de ausência do Colombo, numa região que lhe prestigiou com um massacre histórico de votos. E não é por falta de tempo que não vem aqui. É falta de vontade e compromisso mesmo. Para não falar em descaso e acomodação.
Para se apresentar como cantor no palco do CIC, por exemplo, sempre encontra tempo. Para saracotear em eventos festivos, nem se fala. Ouve pouco, demora para agir e governa pelas redes sociais... E se trouxe recursos para o exemplar Hospital Santa Isabel, não fez mais que a sua mínima obrigação, já que nossa região não tem Hospital Regional e aquela casa de saúde é uma das melhores estruturas de saúde pública do país.
Agora, vem esse equívoco estrondoso de corte de subsídios agrícolas e aumento de impostos para defensivos, onerando e mexendo no funcionamento de uma das mais bem estruturadas e rentáveis economias agrícolas do mundo.
E esse papo-furado de barreira verde é conversa mole. Temos magníficas e competentíssimas estruturas de pesquisa e fiscalização no campo para que não ocorram excessos no uso de defensivos. A EPAGRI e CIDASC são um orgulho.
Então, aumentar impostos é o único caminho para quem não quer pensar em cortar custos. E é até compreensível para um funcionário público de carreira. Deveria ter intuído isso! Quem sempre exerceu cargo e função pública, gestor público que nunca produziu um palito, nem plantou um grão de milho, sempre encontra uma forma de cobrir o aumento dos custos fixos: abre os cofres do Estado. E dá-lhe impostos.
O comandante fazia isso quando chefiava os bombeiros e precisava de dinheiro (lá, quando falta dinheiro, o erário comparece). É da cultura do burocrata de estado, que não sabendo gerenciar uma pipoqueira com seu próprio dinheiro, a cada crise de liquidez, gera impostos e onera o contribuinte. Afinal, para quê se preocupar com o bolso e com a vida financeira dos outros?
O nosso líder é muito bem remunerado, com o soldo de aposentado que acumula com os gordos proventos de governador. A sua bufunfa chega com a folha no final do mês, faça chuva ou faça sol. É legítimo, mas... os brasileiros querem a diminuição do Estado. O corte nos gastos públicos, a redução dos impostos.
Moisés, lamentavelmente, vai de encontro (e não ao encontro) ao que os catarinenses desejam e escolheram nas urnas: uma administração eficiente, enxuta, presente, sem deslumbramentos e pavonices.
Sinceramente? Ainda acredito. Penso que ele tem o direito de errar e tem tempo de se recuperar.
É honesto e bom caráter. Mas só isso não basta.
O gato subiu no telhado. Mas 2020 é amanhã e 2022 é logo ali.
Se ele não descer rapidinho, vamos ter que tirá-lo(s) de lá.
Como diz o ditado, "quem avisa, amigo é!"
Luiz Carlos Nemetz
Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz