A Justiça brasileira e a piada macabra da interpretação da lei ao pé da letra
12/08/2019 às 06:41 Ler na área do assinanteNão existe crime que seja hediondo o suficiente para impedir a lógica invertida e absurda da justiça e dos juízes brasileiros no intuito de favorecer criminosos, e desconsiderar absolutamente suas vítimas.
Herança nefasta de uma política escrota de ‘direitos dos manos’ que empesteia o país -e só favorece a criminalidade- contraria a lógica mais elementar.
Alguns ‘juristas’ tentam justificar medidas como a saidinha do assassino da própria filha, Nardoni, no próprio dia dos Pais, como sendo uma leitura rígida da lei.
Fosse para interpretar a lei do papel ao pé da letra, desnecessários seriam os juízes.
Bastaria um escrivão e pronto, a barbaridade estaria consumada.
O juiz, em qualquer sociedade civilizada, serve justamente para interpretar a lei do papel a aplicá-la com discernimento.
Não é, evidentemente, o caso desses juízes brasileiros.
O caso de Nardoni, Richtoffen e outros é tão óbvio que não existe como comentar essa ação estapafúrdia sem cair numa vala comum cansativa e repetitiva.
Nestes dias em que áudios gravados pela PF escancaram a relação íntima de governos anteriores com o crime organizado, vale refletir.
A quem interessa realmente passar a mão na cabeça de criminosos?
Para os cidadãos que cumprem a lei, a resposta é triste.
Ou uma piada macabra, como preferirem.
Em tempo: a saidinha de Nardoni foi concedida pela juíza Sueli Zeraik, da1ª Vara de Execuções Criminais, de Taubaté. A mesma juíza concedeu, em 2017, o benefício à Ana Carolina Jatobá, também condenada pelo assassinato cruel da menina Isabella.
Marco Angeli Full
https://www.marcoangeli.com.br
Artista plástico, publicitário e diretor de criação.