O universo paralelo criado e sustentado pelo tráfico de drogas

28/06/2019 às 10:10 Ler na área do assinante
"Quem tá no erro sabe
Cocaína no avião da FAB
Ninguém vai deter o poder
PHD em PHC, no país de FHC"

Essa é a letra de um rap lançado nos anos 2000, do rapper Sabotage - morto a tiros na madrugada de 24 de janeiro de 2003 em SP.

Ele era criativo, era vidente, ou ele sabia que os traficantes já haviam colocado conhecidos nos concursos da Força Aérea?

O tráfico não trabalha só com o "bandido do morro", ele precisa dos químicos para refinar a droga; dos contadores para administrar tanto dinheiro que chega em pequenas quantidades por várias mãos; precisam de advogados para trabalharem e "fazer a liberdade cantar"; precisam de policiais para fazerem a contenção e de médicos e enfermeiros que cuidam dos ferimentos em caso de confronto com a polícia ou entre facções.

Eles não podem aparecer no hospital com um tiro de raspão, sem que haja um Boletim de ocorrência e também não podem mandar para o hospital um morador que foi condenado pelo tribunal do crime à levar um tiro na mão por ter cometido um delito na comunidade ou perdeu uma orelha por ouvir demais, ou parte da língua por falar demais, sem contar nos espancamentos das mulheres que ousam terminar a relação ou conversar com outro.

A esquerda sabe disso, mas prefere espalhar a ideia de que as instituições brasileiras são compostas de bandidos. Faz parte do plano de desmoralização do governo e das leis, promovendo a aceitação de que as coisas são como são, não adianta tentar mudar porque há bandidos dos dois lados.

O pior é saber que esse sistema é o que mais mata jovens (em ampla maioria, negros) no mundo, mas a cegueira ideológica é tanta que vimos negros compactuando com o plano de desmoralização das instituições e "moralização do tráfico", sem saber que são eles as maiores vítimas na ponta final deste estilingue.

Há um universo paralelo criado e sustentado pelo crime, com um mercado de trabalho farto, comandado por bilionários que nem pisam nas favelas e neste exato momento, deve ter centenas estudando para passar em algum concurso a mando do tráfico.

Não é o militar que vira bandido, é o bandido que estuda para virar um militar. (O mesmo vale para qualquer outro profissional que aceite trabalhar para "A firma" a preço de ouro).

Raquel Brugnera

Pós Graduando em Comunicação Eleitoral, Estratégia e Marketing Político - Universidade Estácio de Sá - RJ.

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