Folha embarca na demoníaca aventura para acabar com a Lava Jato e devolver o país aos corruptos
23/06/2019 às 06:15 Ler na área do assinanteA Folha de S.Paulo decidiu embarcar na aventura de um grupo para destruir a Operação Lava Jato e devolver à Política os maiores corruptos da História do Brasil, fazendo uso de conteúdo obtido através da invasão criminosa de telefones celulares de um Ministro de Estado, de Magistrados do Poder Judiciário e de Procuradores do Ministério Público Federal - MPF.
É uma decisão editorial... e também política.
A matéria de capa do icônico jornal paulista neste domingo (23) exibe o então juiz Sérgio Moro preocupado com a atuação garantista do Supremo Tribunal Federal diante de um procedimento errático da Polícia Federal e de uma manifestação supostamente desrespeitosa de membros do MBL - Movimento Brasil Livre, em frente ao condomínio do ministro Teori Zavascki.
Note-se que estamos falando de jornalistas aceitando atuar em cumplicidade com crackers, criminosos digitais, para criar um ambiente midiático capaz de livrar a cara dos maiores ladrões de cofres públicos de que se tem notícia na América Latina e atacar a única força-tarefa que conseguiu punir bandidos de colarinho-branco em 500 anos de História.
A pergunta é: a quem interessa esse movimento?
É exatamente a resposta que está definindo os rumos do embate público e o crescente acirramento da polarização social. É assustador imaginar que isso pode piorar muito nas próximas semanas. Particularmente, tenho medo de onde isso vai dar.
Estamos normalizando a falta de Ética profissional de todos os envolvidos: desde aqueles que são acusados de conluio, até os jornalistas que decidem participar de crimes em nome de audiência.
É decisão editorial, política e, sobretudo, sancionatória. Convalida métodos antiéticos sob o pretexto de lhes fazer oposição.
Sempre que a Ética sai pela porta, hordas dos nossos piores demônios entram pelas janelas.
Helder Caldeira
Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.